O que se sabe sobre a variante Eek, identificada no Japão?

Virologista explica que a nova cepa é mais resistente a vacinas desenvolvidas para combater o novo coronavírus.

Prestes a enfrentar a quarta onda da pandemia de covid-19, o Japão convive atualmente com uma nova variante do coronavírus denominada “Eek”, que, no mês passado, foi detectada em cerca de 70% dos pacientes diagnosticados com a doença em um hospital de Tóquio.

Segundo Flavio da Fonseca, virologista do departamento de Microbiologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, a variante Eek é conhecida por ser mais resistente às vacinas porque carrega uma mutação na proteína S do coronavírus, a responsável por facilitar a entrada do vírus na célula humana e a primeira a ser alvo dos anticorpos produzidos pela vacina.

“É a mutação E484K, que muda um aminoácido E para um aminoácido K. Essa mutação acontece em um ponto onde parte dos anticorpos formados pela vacina se ligam. Com a alteração, eles deixam de se ligar com tanta eficácia. Não é um bloqueio total, mas certamente a resposta imune provocada pela vacina fica um pouco prejudicada”, explica o especialista.

O virologista ressalta que essa mutação também foi identificada na variante do Amazonas e na da África do Sul.

“A variante Eek não tem essa mutação detectada, pode ser que posteriormente se descubra que ela também é mais infecciosa, mas por outro motivo”, avalia Fonseca.

De acordo com o especialista, ainda não há estudos sobre a letalidade da variante japonesa, então não se sabe se ela é capaz de provocar mais mortes pela covid-19.

A variante Eek pode chegar ao Brasil?

Segundo o virologista, sempre que uma nova variante surge, há chances de ela se espalhar.

“Basta uma pessoa pegar um avião e vir para cá. Isso é uma questão de controle de fronteiras, o Brasil não está bloqueando a entrada de visitantes estrangeiros. Se vier alguém de lá, pode acontecer da variante chegar aqui”, afirma. No Japão as fronteiras estão fechadas para estrangeiros sem visto de residência.

No entanto, a emissora pública japonesa NHK informou que nenhum dos pacientes diagnosticados com a nova cepa havia viajado recentemente para o exterior ou entrado em contato com pessoas que viajaram.

Um caso da variante também foi identificado na Indonésia e, segundo as autoridades locais, o paciente se recuperou isolado, sem infectar contatos próximos. R7