Ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes é alvo de mandado de prisão na Lava Jato

Operação é desdobramento da Câmbio, Desligo e procura pessoas que ajudaram Dario Messer a ocultar patrimônio e fugir. Doleiro foi preso em São Paulo.

Por Arthur Guimarães e Marco Antônio Martins

19/11/2019 06h14  Atualizado há uma hora


O ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, em foto de 5 de abril — Foto: Reuters/Jorge Adorno
O ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, em foto de 5 de abril — Foto: Reuters/Jorge Adorno

O ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, em foto de 5 de abril — Foto: Reuters/Jorge Adorno

O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes é alvo de mandado de prisão preventiva em desdobramento da Lava Jato que ocorre nesta terça-feira (19). A suspeita é que ele tenha ajudado na fuga de Dario Messer, considerado o doleiro dos doleiros.

A decisão é do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal fluminense, e Cartes terá o nome inserido na difusão vermelha da Interpol.

A operação é um desdobramento da Operação Câmbio, Desligo, batizada de Patron. Em espanhol, a palavra significa “patrão” e é o termo reverencial que Messer se referia a Cartes.

Desta vez, a ação tem como alvos pessoas que o ajudaram a fugir ou ocultar seu patrimônio.

Até as 6h45, uma pessoa havia sido presa: o também doleiro Najun Azario Flato Turner, localizado no Itaim Bibi, Zona Oeste da capital paulista. Equipes da Polícia Federal também estão em Copacabana, Zona Sul do Rio.

A ação visa cumprir 37 mandados judiciais expedidos por Bretas em Búzios, São Paulo e em Ponta Porã (MS), na fronteira com o Paraguai:

  • 16 mandados de prisão preventiva
  • 3 mandados de prisão temporária
  • 18 mandados de busca e apreensão

Doleiro dos doleiros

Messer estava foragido desde maio de 2018, quando foi deflagrada a Operação Câmbio Desligo. A investigação descobriu que doleiros movimentaram US$ 1,6 bilhões em 52 países. Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes negou um pedido de liberdade a Messer.

O doleiro responde a inquéritos policiais desde o fim dos anos de 1980. Neste período, movimentou dinheiro de forma suspeita de políticos, empresários e criminosos.

Cartes é senador vitalício

O ex-presidente paraguaio Horacio Cartes deixou o poder em agosto de 2018 após cinco anos no poder. Ele ocupa atualmente a função de senador vitalício.

A Constituição do país garante que os ex-presidentes podem assumir esse cargo, que dá voz, mas não direito a voto.

O empresário, considerado um dos mais ricos do Paraguai, chegou ao poder em abril de 2013. Sua eleição representou o retorno ao poder do conservador Partido Colorado, que dominou a política local durante 60 anos, incluindo os mais de 30 anos da ditadura de Alfredo Stroessner.

A hegemonia do partido havia sido interrompida em 2008, ano da eleição de Fernando Lugo, deposto do cargo em 2012.

O ex-chefe de estado paraguaio é presidente do Grupo Cartes, um conglomerado de empresas que produzem bebidas, cigarros e charutos, roupas e carnes, além de gerenciar diversos centros médicos.

Ele se associou ao Partido Colorado apenas em 2009. Por isso, quando assumiu a presidência da república, aos 56 anos, ele era considerado novo na política.

Porém, ele já era muito conhecido por sua trajetória empresarial. Após cursar a universidade nos Estados Unidos, ele retornar ao Paraguai para iniciar sua vida no mundo dos negócios, na empresa do pai, Ramón Telmo Cartes Lind. G1