Como lidar com a situação financeira na crise

Não resta dúvida: o avanço da pandemia causada pelo novo Coronavírus está gerando a maior crise econômica mundial desde 1929. Segundo autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS), o isolamento social massivo é a única forma efetiva de proteger, a si mesmo e aos outros, da proliferação do vírus que já foi responsável por mais de 6 mil mortes no país em menos de dois meses.

Mas a paralisação do mercado e da circulação social provocados pela quarentena certamente têm causado uma série de problemas, que vão desde questões emocionais e sociais até financeiros. De acordo com uma pesquisa feita pelo instituto Locomotiva, 91 milhões de brasileiros deixaram de pagar pelo menos uma conta no mês de abril. Este número corresponde a 58% da população adulta do país.

Endividar-se neste momento é praticamente inevitável. Mas existem algumas estratégias para evitar que a situação se agrave e que a ansiedade tome conta. Confira abaixo como lidar com a crise atual sem se afogar pelas contas e sair do outro lado pronto para recuperar o tempo perdido.

Análise financeira

A primeira coisa que deve ser feita é a identificação exata da situação financeira de toda a família e verificar se este é um problema pontual, causado pela crise econômica ou se já é uma questão recorrente. Para isso, é necessário listar todos os gastos mensais de cada um dos membros da família.

Gastos básicos como luz, telefone (celular inclusive), moradia (aluguel, condomínio, rateio de despesas do prédio), educação, saúde e alimentação, devem ser computados junto aos gastos de cartão de crédito, débito e no dinheiro. Assim, é possível identificar exatamente qual a quantia necessária mensalmente e o que pode ser cortado, pelo menos por enquanto. Neste momento, despesas supérfluas precisam ser adiadas para garantir alguma segurança para a família.

Empréstimos

Se a organização de contas da família resultou na conclusão de que, de fato, falta dinheiro para as necessidades básicas, é hora de pensar em um empréstimo. É normal sentir insegurança quando o assunto é empréstimo pessoal para negativado por causa das possíveis taxas de juros, mas o momento agora é de focar na saúde.

Existem várias financeiras e startups hoje que oferecem crédito pessoal para pessoas que já estão negativadas. Mas, para não cair em uma operação fraudulenta, uma opção é usar a plataforma do birô de crédito Serasa eCred.

Basta se cadastrar e enviar os dados solicitados. Em seguida, o pedido será avaliado pela empresa que você solicitar crédito conforme as políticas para aprovar ou não. Pesquise bem entre as opções de empréstimo que encontrar e avalie qual é a que melhor atende suas necessidades. Se tiver um bem para dar de garantia, contanto que ele não esteja alienado, as condições do financiamento, em geral, são melhores.

Se as taxas de juros não são realistas para seu caso específico, uma opção é conseguir um empréstimo com algum amigo ou parente. Mas não deixe de resolver essa dívida o mais rápido possível, porque ela pode custar uma amizade.

Uma informação importante: os cinco maiores bancos têm oferecido a possibilidade de pausar duas ou três parcelas de financiamentos imobiliários ou da compra de carro, em alguns casos. Até o momento, Itaú Unibanco, Banco do Brasil Bradesco, Caixa e Santander renegociaram algo entre R$ 140 bilhões e R$ 150 bilhões de um total de R$ 200 bilhões, em pedidos feitos durante a pandemia da covid-19.

Renegociação de gastos

A crise causada pela pandemia têm aberto a possibilidade de renegociação de valores por causa da redução de salários, demissões ou rescisão de contratos de milhões de pessoas pelo mundo. Neste momento, muitos inquilinos têm conseguido conversar com seus locadores para reduzir o valor dos alugueis, pelo menos temporariamente.

A mesma coisa vale para mensalidades escolares. Muitas escolas têm flexibilizado suas mensalidades para ajustar as contas à nova realidade das famílias de seus alunos. Afinal, a situação está complicada para todos, e até para eles, é melhor receber uma quantia reduzida do que não receber nada. Por isso, não deixe de tentar a renegociação.

Dívidas anteriores

O porcentual de famílias com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 66,6% em abril. Em março, este número foi de 66,2%, conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada recentemente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Se houver dívidas anteriores, especialistas têm simplesmente recomendado a suspensão dos pagamentos. É possível aguardar que os bancos e financeiras façam feirões de renegociação, dando descontos expressivos, que podem ir de 70% a 90% da dívida original.

No caso de dívidas anteriores com agiotas, a recomendação é de procurá-los, explicar a situação e pedir mais prazo para pagar. Outra opção é pedir a redução dos juros, baseado no fato de que a taxa de juros básica no país caiu. Se houver um acordo, o melhor a fazer é poupar para honrar a dívida.

É essencial lembrar que a prioridade, neste momento, é salvar vidas. Por isso, siga as recomendações básicas de cuidado e higiene da Organização Mundial da Saúde. Lave as mãos, use máscara e, se puder, fique em casa!

CAROLINA MONTEIRO é jornalista da agência Emarket.