Audiência Pública discute relação entre criminalidade e feminicídios na fronteira com o Paraguai

Com a onda de assassinatos na região, muitas mulheres acabam vítimas de feminicídio em meio a execuções relacionadas ao tráfico, segundo organizadora da audiência.

Por Jaqueline Naujorks, G1 MS

Em Ponta Porã (MS), cidade vizinha a Pedro Juan Caballero, no Paraguai, uma audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (6) reuniu autoridades dos dois países para discutir o aumento da violência contra a mulher na região de fronteira. Segundo a vereadora Anny Espíndola, que já promoveu outras duas audiências com o mesmo tema desde 2017, a onda de violência contribui com casos de feminicídio:

“Muitas vezes as mulheres estão inseridas nesse contexto de criminalidade, seja em relacionamentos com homens envolvidos com tráfico de drogas ou facções, seja simplesmente estando em algum lugar no momento de uma execução, e acabam morrendo dessa forma”, declara.

Audiência pública em Ponta Porã reúne autoridades dos dois países para discutir violência contra a mulher — Foto: Assessoria Anny Espínola/Divulgação

Audiência pública em Ponta Porã reúne autoridades dos dois países para discutir violência contra a mulher — Foto: Assessoria Anny Espínola/Divulgação

Anny afirma que a cooperação entre os dois países é fundamental para combater, especialmente, a impunidade em casos de agressão ou feminicídio: “A fronteira seca facilita a fuga de agressores de um país para outro, por isso precisamos afinar a cooperação nas investigações. O relacionamento é muito bom com as autoridades do Paraguai, mas precisamos combater todas as formas de violência contra a mulher em uma tratativa binacional”, declara.

Participaram da audiência a secretária especial de cidadania em MS, Luciana Azambuja, e da coordenadora de políticas públicas para as mulheres de Pedro Juan, além de representantes da OAB/MS, Polícia Militar e Polícia Civil, lideranças de bairro e acadêmicos.

Segundo a delegacia da mulher de Ponta Porã, só este ano já foram registrados 230 boletins de ocorrência por violência doméstica, sendo que em todo o ano passado foram 517. Foram instaurados 198 inquéritos e efetuados 220 pedidos de medidas protetivas. Dos agressores, 41 estão presos. De janeiro a junho foram registrados 14 casos de estupro na cidade. A audiência faz parte da programação da Semana Estadual de Combate ao Feminicídio em MS.