Alta do dólar derruba em até 20% as vendas nas lojas de Pedro Juan Caballero.

Moeda americana é cotada a R$ 4,45 em Pedro Juan Caballero mas pode passar de R$ 4,60 no Brasil.

O dólar bateu os R$ 4,40 no câmbio oficial e supera os R$ 4,60 nas casas de câmbio de Campo Grande. Já no Paraguai, o dólar hoje esta cotado a R$ 4,45 no oficial, mas nas lojas pode bater os R$ 4,48. Com a alta constante, o comércio paraguaio está amargando queda de até 20% nas vendas nos últimos dias. Por outro lado, os comerciantes de Ponta Porã aproveitam o fluxo de alta da moeda americana e os negócios aumentaram de 5% a 10% no município. O número estimado de habitantes e potenciais consumidores juntando Ponta Porã e Pedro Juan Caballero pode variar de 220 a 230 mil pessoas.

Vale lembrar que o dólar divulgado diariamente pela imprensa, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

De acordo com o empresário pontaporanense do ramo de vestuário Amauri Ozorio, a alta do dólar afeta as lojas do Paraguai. “Fica inviável fazer compras lá ao preço do dia. No entanto beneficia o comércio do lado de Ponta Porã. O dólar forte automaticamente fortalece o guarani que vale mais e os paraguaios vem comprar nas lojas do Brasil”, frisou.

Ele destaca que esta valorização da moeda americana tornou Ponta Porã um local atraente para investimentos. “Temos visto aqui na cidade a abertura de várias lojas de rede que estão focando no cliente paraguaio. Querendo ou não tem vários segmentos, materiais de construção, pneus, perfumes que ainda vendem no Paraguai . Com isso quem trabalha no lado paraguaio tem dinheiro. Tem muitos funcionários nos órgãos públicos vindo comprar nos supermercados. O que mais vende são eletrodomésticos, roupas, calçados, confecções”, afirmou.

Do lado paraguaio ele estima recuo de pelo menos 20% nas vendas. “Tanto que fechei uma empresa que tinha lá e mantive apenas a do lado brasileiro. Com este dólar alto, os comerciantes sentiram que cairam muito os negócios. Já pra quem está em Ponta Porã as vendas subiram de 5% e 10%. Principalmente com as grandes redes abrindo filiais aqui e acabamos dividindo com mais empresas a mesma quantidade de clientes”, salientou.

O presidente da Câmara de Indústria, Comércio, Turismo e Serviço de Pedro Juan Caballero, Victor Barreto, confirma que o comércio da cidade está sentindo o baque da valorização do dólar e a redução no volume de turistas. “isso afetou muito as vendas, principalmente no setor de eletroeletrônicos. O Iphone X por exemplo que custa mil dólares aqui, sai hoje por R$ 4.450 o que perde a competividade diante do produto brasileiro. No entanto a nossa gasolina, neste momento está mais barata que no Brasil”, avaliou.

Mesmo assim ele alega que o setor torce por uma melhoria no cenário e continua a apostar na vinda dos turistas. “Temos uma forte rede hoteleira, restaurantes, porque Pedro Juan não é apenas notícias negativas. Temos muitos atrativos”, afirmou.

Exportações de produtos como a soja são favorecidas com o dólar alto, (Arquivo)

Exportações – De acordo com o analista de comércio exterior, Aldo Barrigosse o dólar alto favorece os exportadores brasileiros. O agronegócio exportador é um dos grupos que ganha e torce pela valorização da moeda americana. “O preço da carne no exterior está em dólar, mas quando ele converte em real, ele ganha mais. O dólar mais alto acaba melhorando também a competitividade das empresas brasileiras”, afirmou.

Ele destaca ainda que os maiores beneficiados por um dólar mais valorizado são as pessoas que recebem pagamentos em dólar. “Vai receber mais em dólares. È um benefícioo para quem exporta no setor da agricultura, pecuária, os grandes exportadores. Em Três Lagoas por exemplo os exportadores de celulose. São setores que tem maior volume de vendas e serão mais impactados positivamente com a valorização do dólar”, argumentou.

Já os consumidores são mais prejudicados, segundo Barrigosse, que lembra que o dólar alto encarece produtos do dia a dia. “Sobe desde o pãozinho, já que importamos 60% ou até 100% do trigo em MS. Aumenta custo da farinha, do macarrão, azeite, estes produtos que são importados, por exemplo”, concluiu.

O setor farmacêutico, que é bastante dependente das importações, também pode repassar algum aumento caso a desvalorização do real persista. CGNEWS