Sobe para 61 o número de ônibus incendiados em Minas Gerais

Atos de vandalismo no estado vêm sendo registrados desde o último domingo (3)

© Ricardo Moraes/Reuters/Arquivo

Um ônibus interestadual da Viação do Aço foi alvo de ataque criminoso na cidade de Passa-Quatro, no sul de Minas Gerais, na noite desta quinta-feira (7). Com este, sobe para 61 o número de coletivos incendiados em 30 cidades mineiras. Por volta das 19h30, dois homens entraram no ônibus na avenida Coronel Ribeiro Pereira, obrigaram todos a desembarcarem e atearam fogo. O veículo ficou destruído.

No momento do ataque, havia cinco passageiros dentro do ônibus, que tinha como destino a cidade de Cruzeiro (SP). Ninguém ficou ferido. Desde o último domingo (3), o Minas Gerais vive uma onda de ataques criminosos. Além dos ônibus, também foram alvos delegacias, agências bancárias e dos correios, câmara municipal e veículos de agentes penitenciários. Não há informações de feridos.

Segundo o governador Fernando Pimentel (PT), os ataques partiram de uma facção criminosa que atua em todo o país. A polícia já prendeu 39 suspeitos de ligação com os crimes, e apreendeu outros 20 menores.

OUTROS ATAQUES

Na madrugada da última quarta (6), outros dois ônibus foram incendiados na cidade de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. Pouco depois da meia-noite, um dos coletivos seguia para a garagem quando foi incendiado no bairro Lagoa. O motorista foi rendido e o veículo ficou completamente destruído.

Mais tarde, por volta de 4h40 desta quarta, outro coletivo foi queimado no bairro Veneza. O fogo destruiu apenas a cabine do ônibus e foi controlado pelo próprio motorista.Entre domingo e segunda (4), outros três ônibus já tinham sido incendiados na região metropolitana. As regiões mais atingidas foram o Triângulo Mineiro e o sul de Minas, onde há mais presos do PCC (Primeiro Comando da Capital). O governo não quis mencionar qual facção determinou os ataques.

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SUPERLOTAÇÃO

Especialistas consultados pela reportagem indicam a superlotação dos presídios mineiros como um sinal de que os ataques podem ser uma reivindicação de melhorias. A população carcerária do estado é de 71.433 presos, segundo a secretaria que faz a gestão do sistema prisional. Porém, o número de vagas nas 200 unidades prisionais do estado é de 35.886.

O secretário de Segurança Pública, Sérgio Menezes, admitiu que faltam vagas e que é preciso equacionar o problema, mas afirmou que Minas ainda é referência no país. Ele mencionou o uso de bloqueador de celular em uma das 200 penitenciárias do estado como exemplo de insatisfação de membros da facção criminosa. Menezes afirmou que uma ligação dos ataques com crimes no Rio Grande do Norte também está sendo estudada, mas que a rede envolve outros estados.

O coronel Helbert diz que o estado de São Paulo está sendo envolvido na investigação, por exemplo. “É uma ligação do sistema prisional que há ligação com outros estados, não especificamente o Rio Grande do Norte”, disse o secretário. No sábado (2), um ônibus foi queimado em Natal e um policial militar foi assassinado em Parnamirim (RN). No domingo (3), um ônibus foi parcialmente queimado em São Gonçalo do Amarante (RN). As investigações sobre os casos estão em curso no estado.

REFORÇO

A investigação em Minas está sob sigilo envolve uma força-tarefa de inteligência entre as polícias, incluindo a Polícia Federal. Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas informou que equipes da Polícia Civil trabalham para esclarecer a onda de ataques, e que o policiamento foi reforçado em cidades que já registraram ataques.Segundo afirmou, policiais militares estão à paisana em ônibus e pontos de parada do transporte coletivo para conter ações e identificar suspeitos. Com informações da Folhapress.