Se o prazo para pagamento de dívidas não for esticado, área plantada vai encolher, alerta Aprosoja BR

Em entrevista ao Mercado&Cia, o presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho, Marcos da Rosa, chamou atenção para a falta de capacidade de pagamento do setor neste momento, que segundo ele é um grave obstáculo para a agricultura brasileira na safra 2016/2017.
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É a pior crise em 9 anos?
Marcos da Rosa: Nós temos produtividade de 5 a 60 sacas por hectare no Brasil todo. Imagine que além do produtor não colher o custo de produção, que não seria suficiente para sobreviver, ele tinha contratos de soja que teve que cumprir de uma maneira ou outra e até sem ter o produto. Tudo isso está nos causando uma grande preocupação.
Em quais regiões está mais grave?
Marcos da Rosa:Em todo norte, Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia temos média de produtividade no estado inteiro de 25 a 35 sacas por hectare. Ali a situação é muito grave e quando chega dessa maneira o produtor não tem capacidade para conseguir crédito. Até pode ser que ele plante, mas as tecnologias utilizadas serão bem menores.
Esse é um dos anos em que há maior risco de diminuição de área plantada?
Marcos da Rosa:Acreditamos pelos relatos dos produtores que procuram Aprosoja Brasil de todo o país. Inclusive no sul do Rio Grande do Sul. Pode haver redução de área, mas com certeza redução de tecnologia. Temos informações aí de que o mercado de sementes para os grandes produtores não andou ainda e sempre que você compra a semente tem que dar um sinal de dinheiro mesmo que não pague na totalidade essa conta. Estamos sentindo que não há nem o dinheiro para o sinal do negócio, sendo que já estamos no meio de junho começo de agosto.
Outros estados estão observando atraso de vendas de sementes para a próxima safra?
Marcos da Rosa:A notícia maior é no próprio Mato Grosso onde teve bolsões de seca, mesmo não tendo o problema de baixa produtividade no estado todo. Se o Mato Grosso que tem alguns locais com boa produção e já está sentindo que nem a compra de sementes está andando, você imagina os outros estados em que a produtividade foi muito baixa. Estamos entendendo que precise providências do Governo Federal, estamos alinhados com o Ministério da Agricultura com rapidez nas ações, só que as resoluções tem que começar a acontecer porque estão vencendo as prestações dos investimentos com recursos controlados do BNDES. E tem uma gravidade, a safrinha de milho está na mesma condição da de soja. Não choveu, a produtividade está baixa e é mais um endividamento chegando. Tem ainda o problema de wash out dos contratos feitos que não vão poder ser cumpridos pela falta de grãos. Temos um acúmulo e por isso o endividamento talvez seja parecido com o de 2009. Está faltando feijão, estão faltando arroz, já não tem mais milho, tanto que é que o preço do milho passou a reagir com expectativa de safrinha. É um problema de abastecimento.
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Atraso de sementes, parcela de investimentos com atraso, endividamento mais grave desde 2009. O que resolve esses problemas?
Marcos da Rosa:O Ministério da Agricultura está tomando medidas necessárias. As ações tem que acontecer dentro do Ministério para que na reunião do Banco Central aconteçam as resoluções de prorrogação e nós vamos ter o problema onde não vai haver capacidade de pagamentos. Temos que entender e ver como vamos passar por esse grave obstáculo da agricultura brasileira.
A Associação Brasileira do Agronegócio também alertou para o risco da falta de crédito e endividamento do setor.
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