Quadrilha recrutava pastores para convencer fiéis a entrar em esquema

Golpistas se valiam da falsa redistribuição de comissões das vendas de uma mina de ouro
Enriquecimento rápido e legítimo por meio da fé. Era nisso que golpistas presos hoje pela Polícia Federal na operação Ouro de Ofir faziam com que as mais de 25 mil vítimas espalhadas pelo Brasil acreditassem. Para alcançar este objetivo, eles “recrutavam” pastores de diferente igrejas evangélicas para trabalhar na quadrilha.

Líderes de igrejas, conforme denoninado pela PF, eram os responsáveis por convencer fiéis a entrar no esquema fraudulento. Tudo sob a justificativa de que o dinheiro viria como “presentes de Deus”, portanto, não tinha como dar errado.

“A maneira mais prática de explicar isso talvez seja a crença de que contra a fé não há fatos, nem argumentos. Muitas vítimas não estão interessadas em entender, pensar ou se informar – só estão interessadas em acreditar. E é exatamente neste ponto que a fraude tomou proporções inimagináveis e ganhou território nos mais diversos Estados da Federação”, explicou a PF, na representação que pedia a prisão dos envolvidos a Justiça Federal.

Conforme a polícia, Sidinei Anjos Peró, um dos presos durante a operação de hoje, era o responsável por recrutar pastores para o esquema. A função deles era vender “aportes” da operação SAP (Sidinei Anjos Peró) – esquema montado por Sidinei – a fiéis das igrejas evangélicas pelas quais eram responsáveis, ou mesmo dar credibilidade às mentiras criadas pelos golpistas.

“Vários pastores são citados nos grupos, dos mais diversos estados brasileiros. Este fato fica muito claro pela forma como os participantes/vítimas reagem nos grupos, sempre dizendo e exaltando que “Deus estava abençoando essa Operação” e que, diante disso, nada poderia dar errado”, menciona a PF.

Ainda conforme a polícia, por meio de grupos em redes sociais, como Facebook e, principalmente, Whatsapp – onde vários “grupos” foram criados com o objetivo de transmitir informações sobre as “operações” – os chamados “corretores”, “líderes” ou apenas encarregados, postavam informações e áudios, por vezes, motivacionais.

“São comuns as mensagens do tipo: “vocês tem que acreditar”; “vocês foram os escolhidos“; “aguardem que a benção virá”, “tenham paciência que isso é uma dádiva de Deus”, tudo como forma de manipulação mental e técnicas aparentemente programada de PNL (Programação Neurolinguística) e controle da mente, para despertar a cobiça e a esperança, sempre renovada a cada semana, de se receber milhões de reais”, explicou a polícia em representação.

Com tudo isso, ainda segundo a PF, as acreditavam que estavam “investindo” seu capital em um negócio lícito e altamente rentável, sem contudo confirmarem as informações prévias a eles prestadas.

OPERAÇÃO OURO DE OFIR

Envolvida em estelionato, falsidade ideológica e fraude no sistema financeiro, a Company Consultoria Empresarial Eireli, instituição clandestina localizada em Campo Grande, fez mais de 25 mil vítimas em todo o País.

A organização criminosa se valia da falsa redistribuição de comissões das vendas de uma mina de ouro explorada há décadas, para induzir investimentos em dinheiro, oferecendo lucros exorbitantes de até 1.000 %. O esquema era coordenado por Celso Eder de Araújo, Sidney Anjos Peró e Anderson Flores. Os três foram presos nesta manhã pela Polícia Federal e Receita Federal, durante a Operação Ouro de Ofir.

O esquema movimentou cifras milionárias, se pautando na crença das pessoas de que estavam colocando suas finanças sob a tutela de uma empresa responsável. O grupo usava a história da mina para atrair a atenção das vítimas e, para convencê-las a investir, apresentavam documentos falsos, certidões com títulos rebuscados e autenticados, como forma de demonstrar credibilidade.

Fonte: Correio do Estado