Produtor abandona lavoura embaixo d’água e perde nove mil sacas de soja, em Deodápolis

Ainda tem produtor rural colhendo soja em municípios da região de Dourados, a maior produtora do grão em Mato Grosso do Sul. Entretanto, alguns agricultores já desistiram de tentar recuperar a produção comprometida pelo excesso de chuva e estão abandonando as roças.
Esses produtores estão semeando milho em cima da soja, sem fazer a colheita. Dessa forma, conseguem reduzir o prejuízo, já que não terão de gastar para colher um produto totalmente comprometido, segundo opiniões de produtores e profissionais do setor ouvidos pelo Campo Grande News.
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Prejuízo – O produtor Claudemir Caravante é um dos que estão amargando perdas em consequências da chuva recorde que atingiu Mato Grosso do Sul nos dois primeiros meses deste ano, justamente no período de início da colheita da soja.
Ele calcula em nove mil sacas de perdas por causa da alta umidade dos grãos provocada pela chuva e devido à soja que está sendo abandonada na lavoura, porque, segundo ele, não compensa fazer a colheita.
“Hoje estamos fazendo a última colheita porque nem o armazém quer receber mais a soja. Estamos enchendo o último caminhão e depois não vamos mais colher. Parte da lavoura vai ficar na terra e vamos plantar milho em cima”, disse Claudemir, por telefone.
A lavoura de Claudemir comprometida pela chuva fica no município de Deodápolis, a 252 km de Campo Grande. Ele plantou 532 hectares de soja e acredita ter perdido pelo menos 145 hectares. O produtor também tem lavoura em Dourados, mas essa conseguiu colher totalmente, com boa produtividade.
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Cerealista recusa soja podre – O agricultor disse que a umidade foi tão grande que os grãos apodreceram completamente dentro da vagem. “Muita soja que entregamos na cerealista só serve para resíduo por causa da umidade. Mas como tivemos 12 dias seguidos de chuva, o grão ficou podre e nem para resíduo serve mais. O jeito é abandonar essas partes que não foram colhidas e plantar logo o milho, que também está atrasado”.
A situação de Claudemir Caravante não é isolada. Lavouras de soja também foram abandonadas na região do Barreirão, entre Dourados e Fátima do Sul, e apodrecem embaixo d’água ao lado de vistosas roças de milho. Na maioria dos casos as máquinas não conseguiram entrar para colher, por causa do solo muito encharcado.
O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lucio Damalia, também teve de abandonar áreas de soja na lavoura que tem no município de Douradina. Por causa da chuva, ele estima prejuízo de dez sacas por hectare.
Na semana passada, o engenheiro agrônomo Gilberto Bernardi disse, após visitar uma lavoura de três mil hectares na região de Fátima do Sul, que o desconto provocado pela umidade já compromete qualquer possibilidade de lucro.
“Até então, esses produtores ainda conseguiam vislumbrar certo lucro, ou pelo menos um empate para cobrir os custos de produção, mas depois das últimas chuvas a situação piorou e o prejuízo em muitos casos é certo”, afirmou Bernardi.
Segundo ele, o comprometimento do grão em função da umidade chega a 70% em alguns casos. Bernardi citou o caso de um produtor rural da região que das 30 toneladas que entregou, só sobraram dez toneladas. O resto da soja foi considerada “podre”.
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