OMS: números da covid aumentam pela primeira vez em 2 meses, puxados por Europa

O alerta foi feito durante entrevista em coletiva nesta quinta-feira (28)
O alerta foi feito durante entrevista em coletiva nesta quinta-feira (28) – Divulgação

Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus alertou nesta quinta-feira para o fato de que os números de casos e mortes pela covid-19 aumentam agora no mundo pela primeira vez em dois meses. A piora no quadro é puxada pela situação na Europa, que se sobrepõe a recuos nos números de outras regiões. “Esse é mais um lembrete de que a pandemia da covid-19 está longe do fim”, afirmou ele, durante entrevista coletiva.

Ghebreyesus argumentou que a pandemia persiste “em grande medida por causa do acesso desigual aos instrumentos” para combater o vírus. Segundo ele, testes foram aplicados nos países ricos 80 vezes mais do que nos de renda baixa e as vacinas, 30 vezes mais na mesma comparação. “Se as 6,8 bilhões de doses de vacinas administradas globalmente até agora tivessem sido distribuídas de modo igualitário, teríamos já atingido a meta de vacinar 40% da população de cada país.”

Nesse quadro, o diretor da OMS alertou que o mundo segue vulnerável ao surgimento de novas variantes do vírus. Ghebreyesus destacou a iniciativa da OMS do Acelerador de Instrumentos contra a covid-19 (“ACT Accelerator”). Com esse instrumento, a OMS e parceiros já entregaram 425 milhões de doses de vacinas, a 144 países, por meio da iniciativa Covax.

Ghebreyesus afirmou, porém, que a iniciativa não consegue cumprir todo seu potencial, por falta de financiamento. Às vésperas da reunião de cúpula do G-20 neste fim de semana em Roma, ele destacou que os países do grupo têm meios para tomar decisões que poderão ser cruciais para acabar com a pandemia. A OMS solicitou hoje US$ 23,4 bilhões para cumprir suas metas nessa frente, enfatizando que o montante é muito modesto, em comparação ao custo econômico global da pandemia.

Segundo a autoridade, a variante delta é muito transmissível e mostra que apenas com vacinas não é possível controlar a crise global de saúde. Ghebreyesus defendeu a importância de se usar “todos os instrumentos – vacinas, testes, tratamentos, equipamento de proteção pessoal e medidas de saúde pública” para conter o quadro.