Motoristas completam 100 dias crucificados no Paraguai e convocam greve geral

Assunção, 9 out (EFE).- Os motoristas de ônibus que protestam contra a demissão de 51 colegas de trabalho completaram nesta sexta-feira 100 dias “crucificados” em Assunção, um conflito trabalhistas que pretendem intensificar com a convocação de uma greve geral do setor para o começo de novembro.
A greve, convocada para os dias 2 e 3 de novembro em solidariedade aos 20 motoristas crucificados, deve afetar todos os serviços de transporte público, táxis e transporte de mercadorias, disse Juan Villalba, da Federação Paraguaia de Trabalhadores do Transporte, à Agência Efe.
Dos 20 crucificados, 14 estão em frente à sede do Ministério do Trabalho, no centro de Assunção, e o restante permanecem na parada da linha 49 na cidade de Limpio, na região metropolitana de Assunção.
Todos eles mantêm suas mãos cravadas a cruzes de madeira no chão, e 12 deles estão em greve de fome há 26 dias, lembrou Villalba.
“Os companheiros têm vontade de continuar a luta, mas estão com a saúde muito deteriorada”, afirmou o sindicalista, que acrescentou que os manifestantes recebem atendimento médico permanente.
Ao completar cem dias desde o início do protesto, as mães e esposas dos motoristas apoiaram hoje os “crucificados” contra o Ministério do Trabalho, que criticam pela falta de respostas às reivindicações dos trabalhadores, que pedem o reconhecimento de seu sindicato e a readmissão dos motoristas demitidos.
Os trabalhadores da linha 49 decidiram em junho formar um sindicato para denunciar as condições desumanas e jornadas trabalhistas de mais de 16 horas que suportavam, e dias depois foram despedidos, denunciam.
A justiça acusou 11 deles de perturbação da paz pública por causa dos protestos, e outros quatro estão em prisão domiciliar acusados de furto, disse Villalba.
Em agosto, policiais e manifestantes protagonizaram um enfrentamento que deixou pelo menos 30 feridos, entre eles vários motoristas crucificados.