Líderes do MST são presos em operação no PR, SP e MS

Seis lideres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram presos até o início da tarde desta sexta-feira (4) em uma operação da Polícia Civil no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. O MST afirmou em nota que “é vítima da criminalização por parte do aparato repressor do Estado Paranaense”.

A operação batizada de “Castra”, com foco central no Paraná, tem 14 mandados de prisão, dez de busca e apreensão e dois de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento. Oito pessoas ainda são procuradas pela polícia.

Entre os integrantes do MST alvos da operação está o vereador Claudelei Torrente de Lima (PT), eleito com maior número de votos neste ano no município de Quedas do Iguaçu (Sudoeste do Paraná). Ele está entre os presos. Também há um dirigente nacional do MST entre os investigados.

No Paraná, a ação da polícia abrange Francisco Beltrão e Laranjeiras do Sul; além de cidades de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Em São Paulo, o alvo da operação foi a escola nacional Florestan Fernandes, destinada à formação de militantes sem-terra. A escola pertence ao MST. Dez carros da polícia chegaram à porta da instituição, em Guararema (Grande São Paulo), por volta das 9h30.

Coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues afirma que os policiais pularam a janela da recepção e invadiram a escola, que depois foi cercada. “Entraram atirando”, diz.

Investigação

De acordo com a polícia do Paraná, a investigação que levou à ação desta sexta-feira começou em março, após uma invasão à Fazenda Dona Hilda, em Quedas do Iguaçu. Os investigados são suspeitos de manter os empregados da fazenda em cárcere privado sob a mira de armas de fogo por várias horas.

O dono da fazenda relatou à polícia o sumiço de 1,3 mil cabeças de gado e um prejuízo de R$ 5 milhões. Os bois eram transportados com documentação irregular e a investigação apontou que uma parte destes animais foi vendida pelos integrantes do MST, segundo a polícia.

O grupo também é investigado pela suspeita de cobrança de uma taxa – que podia chegar a R$ 35 mil ou ser cobrada em sacas de grão – para que os donos da fazenda fossem autorizados a fazer a colheita da própria plantação.
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Perseguição

De acordo com o MST, o objetivo da operação é “prender e criminalizar as lideranças dos Acampamentos Dom Tomás Balduíno e Herdeiros da Luta pela Terra, militantes assentados da região central do Paraná.

Segundo o movimento, desde maio de 2014 aproximadamente 3 mil famílias acampadas, ocupam “áreas griladas” pela empresa Araupel. “Essas áreas foram griladas e por isso declaradas pela Justiça Federal terras públicas, pertencentes à União que devem ser destinadas para a Reforma Agrária”.

O grupo lembra do caso em que dois integrantes foram mortos por policiais em abril deste ano. “As famílias organizadas no Acampamento Dom Tomas Balduíno foram vítimas de uma emboscada realizada pela Policia Militar e por seguranças contratados pela Araupel”.

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O grupo acusa a empresa Araupel de constituir um “poderoso império econômico e político, utilizando da grilagem de terras públicas, do uso constante da violência contra trabalhadores rurais e posseiros, muitas vezes atua em conluio com o aparato policial civil e militar, e tendo inclusive financiado campanhas políticas de autoridades públicas, tal como o chefe da Casa Civil do Governo Beto Richa, Valdir Rossoni”.

Na nota, o MST afirma que o movimento é pacífico e nega as acusações. “Sempre atuamos de forma organizada e pacifica para que a Reforma Agrária avance. Reivindicamos que a terra cumpra a sua função social e que seja destinada para o assentamento das 10 mil famílias acampadas no Paraná”.

A assessoria da Araupel informou que a operação da polícia não envolve terras da empresa e que não tem qualquer relação com a ação.

PT quer esclarecimentos

Após a prisão de um vereador, em nota, o Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores do Paraná (PT-PR) pede que os fatos sejam esclarecidos. Leia a nota na íntegra:

“Causa-nos estranheza os fatos e as informações inicialmente apresentados. É preciso que os motivos dessas ações sejam muito bem esclarecidos, a fim de evitar a perseguição de lideranças populares que lutam pelos interesses da comunidade.

O PT-PR apoia a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por reforma agrária e por um País mais justo e solidário. Também repudia toda e qualquer tentativa de criminalização dos movimentos sociais.

Por isso, exige das autoridades competentes um sério e criterioso esclarecimento a respeito dessas operações”.

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