Doleiro denuncia ligação de Youssef com traficante, o que poderia levar delator da Lava Jato de volta à prisão

A prisão do doleiro Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, em maio deste ano, pode ter impacto na Operação Lava Jato. É que o doleiro, em depoimento prestado à Polícia Federal, disse que Alberto Youssef omitiu de seu acordo de delação premiada que prestava serviços ao traficante Luiz Carlos da Rocha, o “Cabeça Branca”. Ceará e Youssef já trabalharam juntos. Disse Ceará no depoimento prestado pela Polícia Federal:

“Que Youssef trabalhava para Luiz Carlos da Rocha; que chamava Luiz Carlos da Rocha pelo apelido ‘Roque’, que sabe que Alberto Youssef sempre trabalhou para Luis Carlos da Rocha, desde pelo menos 1992 […] Que sabe que Luiz Carlos da Rocha pelo apelido ‘Roque’, que sabe que Alberto Youssef sempre trabalhou para Luis Carlos da Rocha, desde pelo menos 1992 […] Que sabe que Luiz Carlos da Rocha, assim como diversos outros clientes, tinha uma conta-corrente com Youssef, que deve estar em nome de Roque ou Lutador, que eram os codinomes usados para Luiz Carlos da Rocha”

Segundo o UOL, que revelou o depoimento, o Ministério Público Federal em Curitiba afirmou que Yousef poderá voltar à prisão se ficar comprovada ligação dele com o traficante. Isso porque teria omitido essa ligação com Cabeça Branca no seu mais recente acordo de delação, em que se comprometeu a contar tudo o que sabe em troca de deixar a prisão e outros benefícios.

Se ficar comprovado que Yousef mentiu, não será a primeira vez. No acordo de colaboração que fez na Vara de Moro em 2004, ele teria escondido recursos, descobertos pelo delegado Gérson Machado, de Londrina.

Desde 2006, em razão de uma interceptação telefônica feita pelo delegado Gérson, sabe-se que Yousef havia voltado a atuar no mercado, em operações de lavagem de dinheiro para o deputado federal José Janene (já falecido). Moro e os procuradores foram informados pela Polícia Federal, mas nada foi feito.

Yousef continuou operando até o início de 2014, quando foi preso. Alguns meses depois, fez novo acordo de delação e é este que, em tese, pode ser invalidado caso se comprove que operava para o traficante Cabeça Branca.

Também não é a primeira vez que se aponta uma ligação do doleiro com o narcotráfico. No início dos anos 2000, o Fantástico, da Rede Globo, exibiu reportagem em que mencionou supostas ligação entre ele e Fernandinho Beira-Mar.

Apenas para constar: quem foi o advogado de Yousef nos acordos de colaboração de 2004 e 2014 foi Antônio Figueiredo Basto, o advogado que, segundo dois doleiros do esquema de Dario Messer, recebia 50 mil dólares por mês para blindar operadores do mercado paralelo nos acordos de delação e também no Ministério Público Federal e Polícia Federal.

Resumindo: a chance de dar em nada, como aconteceu em 2006, quando foi descoberta a ligação de Youssef com Janene, é enorme.

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