Covid-19: Entenda o que pode levar uma pessoa a ser intubada

Procedimento é necessário quando pacientes com covid grave perdem a capacidade de respirar sozinhos; 15% são reintubados

Quando um paciente internado com covid-19 evolui para um quadro de insuficiência respiratória hipoxêmica grave, ou seja, quando perde a capacidade de fazer a oxigenação adequada e não consegue mais respirar sozinho, ele precisa passar pelo procedimento de intubação, que o auxilia na respiração por meio de um tubo colocado na garganta. É o que explica Fernando Sabia Tallo, médico clínico intensivista e coordenador da Força-Tarefa Covid da Associação Médica Brasileira.

“Nesses casos, o médico é obrigado a intubar o paciente, colocá-lo em um ventilador artificial que é capaz de dar concentração de oxigênio de até 100%”, explica. Segundo Sabia Tallo, pelo menos 10% das pessoas internadas com covid-19 precisam ser intubadas, procedimento que faz parte do tratamento nas UTIs (Unidade de Terapia Intensiva).https://ddd3e1d3400430ce7fd03b06ceed8c6a.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

“Tenho dois pacientes com o mesmo nível de pulmão acometido, mas eles vão reagir de formas diferentes, pode ser que um eu tenha que intubar e o outro não, vai da experiência e da equipe médica perceber isso”, afirma.

Intubação não é sentença de morte

Um estudo publicado na revista científica The Lancet Respiratory Medicine revelou que 80% dos pacientes que precisaram ser intubados por causa da covid-19 morreram no Brasil. Mas, segundo o médico, o procedimento não pode ser considerado uma sentença de morte.

Para ele, a mortalidade está associada à falta de estrutura para lidar com a alta demanda das UTIs causada pela pandemia – país enfrenta colapso no sistema de saúde com a falta de leitos de terapia intensiva em todos os estados.

“Se eu citar grandes hospitais brasileiros, a mortalidade por covid nessas UTIs jamais será grande, mas em alguns hospitais que não tinham nenhum leito de UTI e de repente precisaram abrir 10 e não tinham equipe especializada, aí posso imaginar que a mortalidade seja alta. Nós temos 8 mil intensivistas que são especialistas para esse tipo de atendimento, mas hoje nossa demanda para isso é pelo menos 50 vezes maior”, avalia. R7