Copom eleva Selic para 13,75%, e juro básico da economia chega ao maior patamar em seis anos

Decisão marca o 12º avanço consecutivo da taxa básica de juros. Banco Central vem elevando juros desde março de 2021 para tentar conter inflação.

Por Ana Paula Castro e Alexandro Martello, TV Globo e g1 — Brasília

03/08/2022 18h34  Atualizado há um minuto

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (3), por unanimidade, elevar a taxa Selic de 13,25% ao ano para 13,75% ao ano – alta de 0,5 ponto percentual.

É o 12º aumento consecutivo na taxa de juros. Com isso, a Selic alcançou o maior patamar desde novembro de 2016, quando estava em 14% ao ano. Ou seja, em quase seis anos.

No comunicado divulgado nesta quarta, o comitê diz que vai avaliar a necessidade de um novo reajuste, de menor intensidade, na próxima reunião.

O aumento já tinha sido sinalizado pelo Copom na reunião anterior, realizada em junho. Na ocasião, o BC informou que pretendia elevar a taxa novamente no encontro de agosto, mas em “igual ou menor magnitude” do que o avanço anterior (de 0,5 ponto percentual).

Analistas do mercado financeiro projetam que, de agora em diante, a Selic deve permanecer no patamar atual de 13,75% até maio de 2023 – quando começará a cair, se os cenários se confirmarem. A previsão é que a taxa termine o próximo ano em 10,5% ao ano.

Motivos da decisão

No comunicado divulgado nesta quarta, o Copom argumenta que o cenário ainda requer “serenidade” porque a inflação aos consumidores continua elevada e o ambiente externo “mantém-se adverso e volátil”.

Como principais fatores de risco para a persistência da inflação, o Copom cita:

  • maior persistência das pressões inflacionárias globais, e
  • “incerteza” por parte dos investidores em relação ao respeito, pelo governo brasileiro, das regras fiscais do país.

Por outro lado, o comitê avalia que uma “possível reversão” do aumento nos preços das commodities pode aliviar a alta da inflação.

O Copom diz considerar apropriado que o ciclo de alta “continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista” – isto é, que a Selic continue subindo.

“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz o comunicado.

Metas de inflação

Para definir o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação.

Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic.

Em 2022, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. O mercado financeiro e o BC, porém, já preveem a inflação de 7,15% em todo este ano. Se confirmado, será o segundo ano seguido de estouro da meta de inflação.

Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de inflação do ano que vem, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.