Argentina pode ficar sem soja para farelo no final do ano

Dado chave neste contexto não é o fato em si mesmo, nem o volume, mas o preço

Já somam 240 mil toneladas a quantidade de soja norte-americana comprada por apenas uma empresa da Argentina com entrega prevista para novembro de 2018. De acordo com informações do Portal Valor Soja, as aquisições são feitas para “descomprimir o déficit de oferta previsto para o final do ano.

O país vizinho conta com um estoque remanescente de soja 2016/17 – segundo dados oficiais – de 12,3 milhões de toneladas. Apesar do fracasso da colheita deste ano, devido à forte seca, as indústrias esmagadoras locais têm estoques para somente suprir sua demanda até o terceiro trimestre de 2018.

É no último trimestre do ano que a coisa pode começar a complicar, segundo a T&F Consultoria Agroeconômica. Isso porque o Paraguai, que é abastecedor tradicional de soja da indústria argentina, poderá no máximo aportar mais uns 2,0 milhões de toneladas. Muito pouco para compensar a destruição provocada pela seca local.

“Considerando-se que, se um país – como a Argentina – é o principal provedor mundial de farelo de soja e os preços desse produto estão altos (aumentaram cerca de US$ 25/tonelada somente neste ano con perspectivas de continuar subindo), então não tem sentido ficar sem o insumo para que se reduza o negócio”, diz o analista Luiz Fernando Pacheco.

De acordo com ele, o dado chave neste contexto não é o fato em si mesmo, nem o volume, mas o preço. Por tratar-se de uma operação compreendida no regime de admissão temporária, a norma vigente permite deduzir o custo total de importação da soja em grão (CIF + impostos) da base de cálculo resultante da venda externa de óleo, biodiesel e farelo de soja, de maneira tal que a retenção (imposto) só se aplica sobre o agregado de valor local e não sobre o insumo importado.

“No caso de aumentar as ordens de compra de soja americana 2018/19 nas próximas semanas, tal evento deveria colocar panos frios na posição novembro 2018, os contratos futuros de soja correspondentes a maio e julho próximos não deveriam –em teoria– ser afetados negativamente pela notícia”, conclui. 

Fonte: Agrolink