Agroecologia cresce, mas oferta menos de 5 kg por pessoa/ano

Diante de escassez na produção, restaurantes que usam ingredientes orgânicos são raros no estado do PR.
Um curso realizado nesta semana no Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), em Pinhais, promete abrir caminho para que o estado aumente a produção de alimentos sem agrotóxicos. O foco é o setor de olericultura, que tem marca de 2,96 milhões de toneladas ao ano — ou 265 quilos por habitante/ano.
O volume de alimentos orgânicos produzido no estado acaba de passar de 140 mil toneladas. Como só um terço desse total é de hortaliças, isso significa que menos de 2% desses alimentos estão livres de agrotóxicos — ou 4,5 quilos por habitante/ano.
O curso ensina produtores de alimentos que usam os métodos tradicionais a converterem suas propriedades à agroecologia. A tendência é verificada principalmente em unidades de produção de hortaliças da região de Curitiba. Nesta região, perto de 1 milhão de toneladas de alimentos são produzidas anualmente.
A produção de alimentos orgânicos do Paraná passou da casa de 70 mil para a de 140 mil toneladas na última década, segundo o Instituto Emater. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informa que 370 mil unidades rurais produzem orgânicos em 7,5 mil hectares no estado — com média de apenas 200 metros quadrados por estabelecimento, menos de um terço de um campo de futebol.
A curso de conversão envolve a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Atuam no projeto 33 técnicos da organização não governamental Arcafar-Sul, da Fundação Terra, do Incra, da Emater e da Sanepar.
A produção agroecológica é uma das bandeiras do secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Ele argumenta que, além da saúde, os alimentos orgânicos favorecem a preservação dos mananciais. “Para melhorar a vida e o meio ambiente precisamos fazer mais”, disse Ortigara. A valorização da agroecologia na agricultura e na pecuária depende de ações como o curso e mobilização, considera.
A conversão é decisiva na região de Curitiba, aponta o diretor presidente do CPRA, João Carlos Zandoná. Segundo ele, 70% da produção de olerícolas da Região Metropolitana estão sobre áreas de mananciais. Justamente com o objetivo de estimular a agroecologia em todo o estado, o CPRA funciona no Parque Newton Freire (antigo Castelo Branco), em Pinhais, desde 2005.