97% dos brasileiros acreditam na eficiência das vacinas

Os europeus têm os níveis mais baixos de confiança nas vacinas

Os brasileiros estão entre as pessoas que mais acreditam na importância da vacinação no mundo, segundo uma recente pesquisa divulgada pela Wellcome Trust. No estudo, o primeiro a nível global sobre o tema, 97% dos brasileiros disseram concordar com a importância de que as crianças sejam vacinadas. Os europeus têm os níveis mais baixos de confiança nas vacinas e, globalmente, 79% das pessoas acreditam que as vacinas são seguras, enquanto 84% disseram que elas são eficazes

O estudo constatou que as pessoas que vivem em países de alta renda têm menor confiança nas vacinas, um resultado que coincide com a ascensão do movimento anti-vacina, formado por grupos de pessoas que se recusam a acreditar nos benefícios da vacinação ou consideram a prática perigosa.PUBLICIDADE  

“Ainda que as evidências científicas da eficiência e segurança das vacinas sejam abundantes e estejam ao alcance da maioria das pessoas, existem muitos grupos que questionam os programas de vacinação e optam por não vacinarem seus filhos”, conta Lucas Coppi, coordenador do site cantinhodospapais.com.br

A chamada “hesitação vacinal” foi classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das maiores ameaças à saúde mundial.

A França tem os níveis mais baixos de confiança: um terço dos franceses (33%) não acredita que a imunização seja segura, de acordo com a pesquisa que consultou mais de 140 mil pessoas em 144 países.

No extremo oposto da França, Bangladesh e Ruanda têm os mais altos níveis de confiança, com quase 100% em ambos os países, onde as pessoas acreditam que as vacinas são seguras, eficazes e que é importante que as crianças sejam vacinadas

Os níveis mais baixos de confiança, a nível global, em relação às vacinas ocorreram na Europa Ocidental, onde mais de um quinto (22%) das pessoas não concordam que as vacinas são seguras, e na Europa Oriental, onde 17% não as consideram eficazes.

Estima-se que 169 milhões de crianças não receberam a primeira dose de vacina contra o sarampo entre 2010 e 2017, de acordo com um relatório da ONU divulgado em abril. Só nos Estados Unidos, o número de casos dessa doença ultrapassa mil somente neste ano, segundo os últimos dados oficiais.

Uma das possíveis causas dos baixos índices em países desenvolvidos é o chamado “efeito complacência”: como as doenças já estão quase erradicadas nestes países, a necessidade de vacinação pode parecer menos necessária e mais perigosa. E, em caso de doença, as riscos de morte são baixos, já que os sistemas de saúde são de qualidade.

O contrário acontece nos países com altos índices de confiança: como esses são lugares onde há mais doenças infecciosas, as pessoas sabem o que pode acontecer se não forem vacinadas.

Diferença de gênero

O relatório também encontrou uma lacuna global de gênero: 49% dos homens disseram conhecer “algo” ou “suficiente” sobre ciência, em comparação com 38% das mulheres. O hiato de gênero foi registrado mesmo quando homens e mulheres relataram o mesmo nível de desempenho científico e foi maior na região norte da Europa.

A Wellcome disse esperar que suas descobertas dêem aos governos uma base para monitorar como as atitudes mudam em cada país e ajudar a desenvolver novas políticas, particularmente em relação à vacinação, já que os recentes surtos de sarampo mostram que a imunidade coletiva não pode mais ser tida como garantida.Recomendado para você.P.INFORMA