Em simulação, cientistas concluem que não conseguiriam impedir colisão de asteroide com a Terra

Com lançamento previsto para o próximo ano, a nave espacial Psyche da NASA irá explorar um asteróide de mesmo nome no principal cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter (Foto: NASA/JPL-Caltech/ASU)

Cientistas de todo o mundo passaram a semana em um exercício fictício que simulou a colisão de um asteroide com a Terra. Especialistas das agências espaciais dos Estados Unidos e da Europa participaram do exercício, liderado pela Nasa. Eles enfrentavam um cenário hipotético: um asteroide a 56 milhões de quilômetros da Terra estava se aproximando do planeta e poderia colidir em seis meses.

A cada dia do exercício, os participantes descobriam mais sobre o tamanho do asteroide, sua trajetória e chance de impacto. Eles tinham de cooperar e usar o conhecimento tecnológico para impedir a colisão entre os dois astros.

Mas os especialistas não conseguiram cumprir a missão. O grupo concluiu que com as tecnologias existentes hoje, não seria possível impedir que um asteroide colidisse com a Terra, considerando um tempo de preparação de seis meses.

Até onde se sabe, nenhum asteroide atualmente representa uma ameaça à Terra nesse sentido. “Esses exercícios ajudam a comunidade de defesa planetária a se comunicar, e ajudam os governos a garantirem uma coordenação caso uma ameaça de potencial impacto surja no futuro”, afirmou Lindley Johnson, chefe de defesa planetária da Nasa.

O exercício

Na simulação, o asteroide era chamado de 2021PDC. No cenário fictício, o objeto celeste foi identificado em 19 de abril, e tinha 5% de chance de atingir a Terra em 20 de outubro – seis meses depois da data de descoberta. No dia 2 do exercício, a simulação considerava que se estava no dia 2 de maio, quando os cálculos de trajetória já apontavam que o asteroide provavelmente cairia na Europa ou no norte da África. Os participantes da simulação consideraram várias missões em que uma espaçonave poderia tentar destruir o asteroide ou desviá-lo.

No entanto, os especialistas concluíram que não seria viável lançar tais missões com uma janela de tempo tão curta. “Se enfrentássemos um cenário como o da simulação na vida real, não seríamos capazes de lançar uma espaçonave em tempo hábil com as capacidades de hoje”, diz o documento redigido pelos especialistas.

Eles também consideraram tentar explodir o asteroide usando uma bomba nuclear. “Usar o poder nuclear em uma missão poderia reduzir significativamente o risco do impacto”, dizem os cientistas. Ainda assim, a simulação estipulou que o 2021PDC poderia ter um tamanho de entre 35 metros a 800 metros, então a chance de que uma bomba nuclear pudesse causar algum dano era incerta.

No dia 3 do exercício, considerava-se que o planeta estava em 30 de junho, e o futuro era pouco animador. As simulações de trajetória mostravam que o asteroide atingiria a Europa. No dia 4, os cientistas estavam a uma semana do impacto. A explosão teria tanta energia quanto uma bomba nuclear. A única coisa a ser feita naquele ponto era esvaziar as regiões atingidas. REVISTA EPOCA