Como é viver na Estação Espacial? 1º estudo arqueológico no espaço responde

Pesquisadores usam arqueologia para investigar como humanos se adaptam às particularidades da vida na Estação Espacial Internacional (ISS)

A vida na Estação Espacial Internacional (ISS) tem muitas particularidades. É tudo bem diferente do que o Homo sapiens se preparou para enfrentar ao longo de 300 mil anos. Então, como esse bicho se adapta por lá? Essa curiosidade levou à primeira pesquisa arqueológica feita no espaço.

O estudo, publicado na revista Plos One, não só oferece insights sobre como humanos se adaptam para viver na ISS, mas mostra como dá para usar a arqueologia para estudar locais remotos e extremos.

O experimento leva arqueologia para fora do planeta Terra pela primeira vez. (…) Mostramos como a tripulação da ISS usa diferentes áreas da estação espacial de maneiras que divergem dos designs e planos de missão. Arquitetos e planejadores de futuras estações espaciais podem aprender lições valiosas.Autores do Projeto Arqueológico da Estação Espacial Internacional em comunicado

Pesquisa leva arqueologia ao espaço para investigar a vida na Estação Espacial Internacional

Arqueologia é a ciência que estuda culturas e modos de vida de sociedades humanas – tanto do passado quanto do presente – a partir da análise de objetos. A pesquisa em questão aplica esse princípio para investigar uma “microsociedade num mini-mundo”.

O astronauta Frank Rubio, da NASA, na Estação Espacial Internacional
Astronauta Frank Rubio, da NASA, na ISS; ele bateu o recorde estadunidense de permanência no espaço (Imagem: NASA)

Na prática, o Projeto Arqueológico da Estação Espacial Internacional usa um arcabouço arqueológico para estudar como as pessoas usam áreas da ISS, considerando seus materiais como artefatos.

“Como é muito caro e difícil visitar nosso local arqueológico pessoalmente, temos que reimaginar criativamente métodos arqueológicos tradicionais para responder a perguntas-chave”, explica a equipe.

Adaptações na pesquisa

Por exemplo, uma estratégia arqueológica adotada na pesquisa foi o “teste de pá de escavação”. Em condições normais, é cavar pequenos poços para avaliar a distribuição dos artefatos. Na ISS, virou: tirar fotos diariamente de seis locais por 60 dias.

Os pesquisadores publicaram os resultados de duas das seis áreas amostrais documentadas. Essas áreas incluíam uma designada para manutenção de equipamentos e outra próxima ao banheiro e aos equipamentos de exercício.

O que a pesquisa mostrou

Astronautas em horário de refeição na Estação Espacial Internacional
A rotina dos astronautas na Estação Espacial Internacional consiste em trabalhar, comer, se exercitar e dormir (Imagem: NASA)

A análise das fotos em ambas as áreas revelou 5.438 instâncias onde “artefatos” foram usados para diversos propósitos, como ferramentas de escrita, Post-it e um headset de realidade aumentada.

Os resultados demonstram discrepâncias entre o uso pretendido e o uso real de certas áreas a bordo da ISS.

Ao cruzar fotos com relatórios de atividades dos astronautas, os pesquisadores notaram que a área perto dos equipamentos de exercício e do banheiro era usada como local de armazenamento para itens de higiene pessoal, sacos reutilizáveis e um computador raramente usado. E a área não tinha sido projetada para isso.

A área de manutenção de equipamentos também foi usada principalmente para armazenamento. Segundo o estudo, pouca ou nenhuma atividade de manutenção é feita lá.

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