Preço da gasolina pode subir até 12% nos próximos 15 dias

Consultoria estima que reajuste possa ser aplicado de forma fracionada, ou seja, parcelado em duas vezes

RESUMINDO A NOTÍCIA

  • Preço do barril do petróleo no mercado internacional influencia aumento
  • Defasagem no valor do combustível desde o ano passado também afeta decisão
  • Especialista fala que sonegação na cadeia produtiva do setor chega a R$ 7,2 bilhões
  • ICMS cobrado na categoria deveria ser tratado na reforma tributária, diz consultor
Reajuste no preço da gasolina deve ser fracionado, ou seja, em duas parcelas

Reajuste no preço da gasolina deve ser fracionado, ou seja, em duas parcelas

FOLHAPRESS –

O preço da gasolina na bomba deve sofrer um reajuste de até 12% nos próximos 15 dias, influenciado pelo desempenho do custo do barril do petróleo nos mercados interno e externos.

A previsão é da Ativa Investimentos que também estima que o aumento pode ser aplicado de forma fracionada, ou seja, parcelado em duas vezes.

Levantamento feito pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) até o dia 28 de janeiro – últimos dados disponíveis – mostra que o preço médio da gasolina nas bombas é de R$ 4,686. Com uma eventual alta de 12%, subiria R$ 0,56232, para R$ 5,24832.

Desde que a Petrobras retomou a política de seguir os preços internacionais, em 2016, aumentou a previsibilidade de seus reajustes, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

É certo que as oscilações de preço do barril do petróleo no exterior e do dólar refletirão no custo do combustível por aqui.

A consultoria também estima que o reajuste na refinaria terá impacto no IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo) de março.

Nesta sexta-feira (5), o barril do petróleo girava em torno de US$ 60 (R$ 323,02).https://imasdk.googleapis.com/js/core/bridge3.439.0_en.html#goog_2041126013

Sanchez diz que a metodologia aplicada pela consultoria para o cálculo do reajuste vem permitindo uma margem constante de acertos desde setembro do ano passado. Petrobras regi

José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro-SP (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), confirma a tendência de alta no preço da gasolina devido à defasagem no no mercado interno.

Desde que a Petrobras começou a acompanhar o mercado internacional, a defasagem vem caindo, mas ainda é de 12%. No passado, esse percentual chegou a 20%.

Rodrigo Zingales, diretor executivo da Abrilivre (Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres), afirma que além da decisão da Petrobrás, outros fatores afetam o custo da gasolina:

• ICMS Pauta (veja explicação abaixo);
• Preço do etanol;
• Preço do biodiesel; e
• Custo nas distribuidoras.

Ele frisa que distribuidoras como a Shell, Ipiranga e BR que têm exclusividade na comercialização para seus postos podem elevar o preço da gasolina em 20% e os postos serão obrigados a comprar delas.

Os postos de gasolina não terão outra alternativa a não ser repassar o custo para o consumidor porque são os que menos têm condições para opinar pelo preço. 

RODRIGO ZINGALES

Para Adriano Pires, economista e diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a política de reajuste da Petrobras está correta.

“A companhia persegue a tendência do mercado internacional. Se lá aumentar, ela precisa reajustar aqui e certamente haverá reflexo na bomba”, comenta Pires.

O especialista destaca que a elevação no preço do barril do petróleo refletirá no valor da gasolina e do diesel por causa da defasagem sofrida em 2020 devido à pandemia do novo coronavírus.

“O preço dos combustíveis deve subir mais no Brasil em 2021 com a retomada da economia mundial impulsionada pela chegada das vacinas.”

Setor precisa de desoneração fiscal

Zingales diz que além da influência do mercado internacional, o preço do combustível engloba a oneração fiscal.

“O chamado ICMS Pauta, aquele que calcula o imposto em cima de uma estimativa, acaba onerando o preço da gasolina no país. Diversas vezes houve redução no valor da gasolina, do etanol, mas não do ICMS, o que acaba refletindo no preço para o consumidor final.”