Mais de 50% do que o Brasil exporta já são produtos básicos

Entre janeiro e novembro deste ano, um levantamento realizado pela Funcex mostra que as exportações de produtos básicos alcançaram 51% do total. Desde 2010, pelo menos, essa classe de produtos não tinha uma relevância tão grande na pauta brasileira.

Por Luiz Guilherme Gerbelli, g1

As exportações brasileiras estão cada vez mais dependentes de itens como soja, minério de ferro e petróleo. Hoje, os produtos básicos já representam mais da metade da pauta de tudo o que país vende para o exterior.

Entre janeiro e novembro deste ano, um levantamento realizado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostra que as exportações de produtos básicos alcançaram 51% do total.

Desde 2010, pelo menos, essa classe de produtos não tinha uma relevância tão grande na pauta exportadora brasileira. Em 2020, por exemplo, os básicos encerraram o ano com uma fatia de 48%.https://fda909bf22fd68e2140dc393f4746219.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Em valores absolutos, as exportações totais brasileiras somam R$ 256 milhões nos 11 primeiros meses deste ano, enquanto as vendas de produtos básicos chegam a R$ 131,4 milhões, segundo a Funcex.

São dois os principais fatores que explicam a dominância de produtos básicos na pauta exportadora:

  • O preço das commodities está em alta. Com a retomada da economia mundial depois de superada a pior fase da pandemia, as cotações dos produtos básicos dispararam, o que impulsionou o valor das exportações;
  • indústria segue mostrando dificuldade em competir internacionalmente, fazendo com que os produtos manufaturados perdessem participação na pauta de exportação ao longo dos últimos anos.

Neste ano, o país contou com a ajuda dos preços internacionais das commodities em função do descasamento entre demanda e oferta mundial, o que contribuiu para aumentar a participação dos produtos básicos na exportação do Brasil”, diz Daiane Santos, economista da Funcex e responsável pelo levantamento.

No caso da indústria, o que segue emperrando a melhora das exportações é o chamado custo Brasil – velhos problemas que envolvem custo de logística, burocracia tributária, por exemplo, e tiram a competitividade do produto nacional na competição com outros países. Neste ano, a venda de produtos manufaturados representa apenas 21% do total.

“As exportações de manufaturados são prejudicadas pelo famoso custo Brasil”, afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “As reformas estruturantes são fundamentais para que o Brasil possa reduzir o custo de exportação.”

E o que esperar do futuro?

Em 2022, os preços das commodities devem arrefecer diante de uma economia global que caminha para crescer menos, mas os produtos básicos ainda vão dominar a pauta de exportação do país.

Dos principais produtos vendidos pelo Brasil, a Associação de Comércio Exterior (AEB) estima que a receita de exportação do minério de ferro e do petróleo bruto devem apresentar um recuo de 33,7% (para US$ 29,7 bilhões) e 19,7% (para US$ 23,4 bilhões), respectivamente.

Já a expectativa para a soja em grão é de um crescimento de 18%, para US$ 45 bilhões.

“A tendência é que ocorra uma queda do preço das commodities no mundo todo e isso afeta diretamente o Brasil”, diz Castro.

Com a queda dos produtos básicos, a AEB estima que as exportações do ano que vem devem somar US$ 262,379 bilhões, um recuo de 4,7% em relação ao previsto para este ano (US$ 275,316 bilhões).

O saldo da balança deve passar de US$ 57,222 bilhões para US$ 34,524 bilhões, prevê a associação.