Ibovespa fecha em leve queda com política, exterior e bancos ofuscando disparada da Petrobras; dólar cai

Índice chegou a encostar no patamar de 122 mil pontos com a alta de mais de 7% da Petrobras, mas perdeu força na última meia hora de pregão

Rodrigo Tolotti19 abr 2021 17h17

SÃO PAULO – Após chegar a encostar no nível dos 122 mil pontos puxado pelas ações da Petrobras, o Ibovespa perdeu força na última meia hora de pregão, fechando esta segunda-feira (19) com leves perdas com as ações de bancos e varejistas registrando queda.

Mais cedo, o índice chegou aos 121.974 pontos após a fala de Joaquim Silva e Luna ao assumir a presidência da Petrobras, levando os papéis da companhia estatal para ganhos que superaram 7% na máxima do dia.https://ab72e76f39817505475dc126cc46df79.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html?n=0

Mesmo assim, o Ibovespa já tinha passado por uma maior volatilidade pela manhã por conta do vencimento de opções sobre ações, e estava com seus ganhos limitados por conta da queda das bolsas americanas hoje, realizando os lucros após renovarem máximas na semana passada.

Em sua fala, Silva e Luna afirmou que a Petrobras buscará reduzir a volatilidade dos preços de combustíveis sem “desrespeitar” a paridade de importação. Segundo ele, é preciso fazer tudo “conciliando interesses de consumidores e acionistas, valorizando os nossos petroleiros, buscando reduzir volatilidade sem desrespeitar a paridade internacional”. O executivo disse ainda que tem o objetivo de garantir o maior retorno possível ao capital empregado.

Enquanto isso, os investidores seguem atentos ao noticiário político, que tem segurado o movimento do mercado nas últimas semanas. Agora, o país entra em uma semana decisiva sobre o Orçamento, que deve ser sancionado ou vetado até quinta-feira (22) e a tendência é que o presidente Jair Bolsonaro vete parcialmente as emendas, recompondo os gastos obrigatórios.

O Orçamento vem sendo chamado de “fictício” por não destinar despesas o suficiente para gastos obrigatórios, ao mesmo tempo em que ampliou gastos com áreas como defesa, segurança pública e com emendas parlamentares, por meio das quais congressistas podem fazer obras em seus redutos eleitorais. Da forma como está o Orçamento levaria à paralisação da máquina pública, o que obriga o governo a buscar formas de alterá-lo.

Entre os indicadores econômicos, surpresa positiva com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado prévia do Produto Interno Bruto (PIB) da autoridade monetária, que teve alta de 1,70% em fevereiro de 2021 na comparação com janeiro, segundo dados do BC. A expectativa dos economistas, segundo projeção mediana em pesquisa Bloomberg, era de uma alta de 0,9% na comparação com janeiro.

Com isso, o benchmark da bolsa brasileira fechou com leve queda de 0,15%, a 120.933 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 52,063 bilhões. O dia foi marcado por vencimento de opções sobre ações, que trouxe volatilidade ao índice, movimentando R$ 17,2 bilhões, sendo R$ 13,1 bilhões em opções de compra e R$ 4,1 em opções de venda.

Já o dólar comercial recuou 0,61%, a R$ 5,550 na compra e R$ 5,551 na venda. O dólar futuro com vencimento em maio, por sua vez, tem queda de 0,80%, a 5,550 no after market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 recuou três pontos-base a 4,62%, DI para janeiro de 2023 teve queda de sete pontos-base a 6,26%, DI para janeiro de 2025 caiu 11 pontos-base a 7,87% e DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de 14 pontos-base a 8,49%.

Ainda no Brasil, os economistas do mercado financeiro reduziram mais uma vez suas projeções para o crescimento da economia em 2021, revelou o Relatório Focus do Banco Central. A mediana das expectativas caiu de 3,08% para 3,04%. Já para 2022 a previsão oscilou para cima, de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2,34%, ante projeção de 2,33% da semana anterior.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a mediana das projeções subiu de 4,85% para 4,92% para este ano. Para 2022, a projeção passou de 3,53% para 3,60%. A previsão para o dólar também subiu. Os economistas agora enxergam a moeda valendo R$ 5,40 no final do ano, contra R$ 5,37 esperados na semana passada. Para o fim de 2022, a expectativa é de que o dólar vá a R$ 5,26, ante R$ 5,25 da última semana. Por fim, a projeção para a taxa básica de juros, Selic, foi mantida em 5,25% para 2021, também mantendo-se em 6,00% ao ano para 2022.

No exterior, as bolsas asiáticas fecharam com leves altas em sua maioria, apesar de quedas em ações da Índia, que continua a passar por um período de aceleração nas novas infecções por Covid. Com 261,5 mil novos casos reportados no domingo, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados oficiais compilados pela Universidade Johns Hopkins.

Investidores acompanharam o desempenho da ação da gigante Alibaba, em Hong Kong, que caíram 1,53% após o afiliado Ant Group negar pelo Twitter a informação de que a empresa buscava uma forma para que o fundador Jack Ma a deixasse.

No final de semana, a agência internacional de notícias Reuters havia reportado que a Ant estaria “explorando opções” para que Ma desinvista na empresa, e “desista do controle”. O veículo jornalístico citou “uma fonte com conhecimento sobre o pensamento dos reguladores e duas pessoas com laços próximos da companhia”. Em seu tuíte, o Ant Group afirmou que a informação era “falsa e sem base”.

Apesar do mau desempenho do Alibaba, o índice Shanghai fechou com alta de 1,49%, enquanto o componente Shenzhen subiu 2,894%.

Coronavírus e CPI da Covid no Brasil

No domingo (18), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 2.878, alta de 7% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas 24 h foram registradas 1.553 mortes pela doença.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de quinta, o avanço da pandemia em 24 h. A média móvel de novos casos em sete dias foi de 65.612, alta de 3% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 41.694 casos.

26.180.254 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 12,36% da população. A segunda dose foi aplicada em 9.594.276 pessoas, ou 4,53% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

No domingo, o estado de São Paulo iniciou a fase de transição, uma nova etapa entre as fases vermelha e laranja. Assim, foi autorizada a abertura de comércio e atividades em horários reduzidos. Com a mudança, shoppings, lojas de ruas e igrejas e templos, entre outros, passaram a poder funcionar já no domingo. Sem a fase de transição, funcionariam apenas na fase laranja.

Segundo reportagem de capa do jornal O Globo, uma minuta do plano de trabalho da CPI da Covid no Senado pretende convocar 15 ministros, ex-ministros e ocupantes de postos de comando no combate à Covid no Brasil. O grupo que controla a CPI quer que o ministro da Economia, Paulo Guedes, explique os valores gastos com o auxílio emergencial.
Os trabalhos devem ser divididos em quatro sub-relatorias: vacinas, colapso da saúde em Manaus, insumos para tratamento e emprego de recursos federais.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a CPI deve se concentrar nos militares antes de investigar Bolsonaro ou governadores. Os generais Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e Walter Braga Netto, atual ministro da Defesa podem estar entre os dois primeiros alvos, entre outros oficiais. Na gestão Pazuello, ao menos 20 militares da ativa e da reserva assumiram cargos na Saúde.

Na sexta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que a CPI da Covid deve ter sua primeira reunião, presencial, na próxima quinta-feira ou na terça-feira da semana seguinte. Essa reunião escolherá seu presidente por meio de votação em urnas físicas, uma questão central para o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), devido ao potencial de desgaste representado pela CPI para sua gestão.

Segundo a agência internacional de notícias Reuters, o processo, semelhante ao utilizado para a eleição da Mesa da Casa, deve chancelar a escolha já acertada entre os membros da CPI do senador Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e do líder da Oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para a vice-presidência. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), pelo acordo, deve ficar com a relatoria.

Além disso, uma equipe de cinco inspetores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) viajou na sexta-feira para a Rússia, onde deve iniciar a inspeção das fábricas onde são produzidas a vacina Sputnik V contra a Covid-19 nesta segunda.
A viagem foi acertada na semana passada, depois de um telefonema entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente russo, Vladimir Putin, que tratou das dificuldades que a Anvisa vem encontrando de ter acesso a dados necessários para autorização de uso emergencial.

Em nota, a Anvisa explica que os inspetores irão vistoriar fábricas da empresa Generium, na cidade de Vladimir, e da UfaVita, em Ufa –as duas empresas produzem hoje a Sputnik.

Laudos produzidos pela área técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) enviados ao Supremo Tribunal Federal identificaram “pontos críticos” referentes à demonstração de eficácia e segurança da vacina russa Sputnik V. Os documentos constam de pedido de importação feito pelo governo do Maranhão para uso emergencial do imunizante.

A análise da área técnica da agência conclui que não há dados suficientes para fazer uma “análise de benefício-risco positiva sobre a vacina”. “Pela análise prévia da documentação técnica, foram identificados pontos críticos tanto relacionados à qualidade quanto à demonstração de eficácia e segurança da vacina”, afirmou a Anvisa em eu laudo.
A documentação consta de ação relatada pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski, que na terça-feira atendeu um pedido de liminar para determinar que a agência decida em até 30 dias sobre uma autorização excepcional para importação da Sputnik V pelo governo maranhense.

Em meio à escassez de vacinas e ao agravamento da pandemia no país, a gestão estadual pediu aval para importar 4,5 milhões de doses da Sputink V, mas governadores pressionam para que se libere pelo menos 37 milhões de doses da vacina.
Em uma nota técnica, não constam, por exemplo, informações sobre estudos clínicos de fase 3 concluídos ou com resultados provisórios de um ou mais estudos clínicos —uma das exigências para aprovação de produtos importados, de acordo com a Anvisa.