Polícia prende traficantes de cocaína para a Europa e apreende jatos, carros de luxo e R$ 570 mil

Operação Icarus foi realizada em Goiás, Pará e São Paulo. Apuração começou após sumiço de piloto. Segundo a investigação, detidos tinham vida de ostentação.

Por Sílvio Túlio e Fábio Castro, G1 GO

09/08/2019 15h30  Atualizado há 2 dias


Polícia de Goiás prende quadrilha que ostentava patrimônio em carros e aviõesJornal Nacional00:00/02:21

Polícia de Goiás prende quadrilha que ostentava patrimônio em carros e aviões

Polícia de Goiás prende quadrilha que ostentava patrimônio em carros e aviões

A Polícia Civil de Goiás desarticulou, nesta sexta-feira (9), um grupo suspeito de atuar no tráfico internacional de drogas. A operação, batizada de Icarus, resultou na prisão de seis pessoas – uma está foragida – e apreensão de diversos bens. A investigação começou após o sumiço de um piloto, em dezembro do ano passado.

Conforme os policiais, o esquema exportava, por mês, cerca de 500 kg de cocaína para países da Europa. Além disso, segundo os investigadores, os integrantes da organização criminosa tinham uma vida de muito luxo e ostentação.

Foram apreendidos durante a ação:

  • 2 jatos executivos;
  • 1 helicóptero;
  • 11 carros de luxo;
  • 8 relógios suíços;
  • 1 moto náutica;
  • R$ 571 mil em notas de reais, dólares e euros.

Ao todo, foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão. As prisões ocorreram em Goiás, Pará e São Paulo. No estado do Sudeste, inclusive, ocorreu a detenção de um holandês radicado no Brasil e considerado o chefe do grupo.

G1 não conseguiu localizar os advogados dos presos até a última atualização desta reportagem.

Um dos aviões apreendidos durante a operação: grupo fazia transporte de drogas para a Europa — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Um dos aviões apreendidos durante a operação: grupo fazia transporte de drogas para a Europa — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Esquema

De acordo com as investigações, o grupo contratava pilotos para atuarem no transporte das drogas. Eles voavam para países vizinhos, como Bolívia, Colômbia e Peru, pegavam os carregamentos e entregavam em Goiás e no Pará, num trajeto conhecido, no âmbito do tráfico de drogas, como “rota caipira”. Posteriormente, a droga era levada para a Europa.

“Daqui [de Goiás] a droga é preparada para ser enviada, principalmente para a Holanda, França, Bélgica e Alemanha, por meio de produtos destinados à exportação como granito, mármore e até gêneros alimentícios. Tem registro deles levando essa droga em cargas de açaí, por exemplo”, explica o delegado Thiago Martimiano, que chefiou a operação.

Segundo a polícia, os criminosos tentavam burlar o monitoramento de aeronaves. Para isso, os aviões eram modificados para ter mais autonomia. Além disso, sobrevoavam a uma altura extremamente baixa para fugir do controle aéreo.

Onze carros de luxo foram apreendidos durante a operação — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Onze carros de luxo foram apreendidos durante a operação — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Vida de luxo

O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, Odair José, disse que o grupo transportava cerca de meia tonelada de droga por mês.

“A gente tem a noção que eles exportavam cerca de 500 kg de cocaína por mês. Estamos falando de cerca de R$ 40 milhões. Ou seja, em uma única carga eles poderiam comprar todas as aeronaves que aqui estão. Então, o importante, mais que a apreensão de todos esses bens, é a desarticulação da logística deles”, avalia.

Para demonstrar a ostentação do grupo, a polícia divulgou imagens de dois dos suspeitos em viagem a Dubai, posando ao lado de Ferraris.

Integrantes do grupo posam com Ferraris, em Dubai — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Integrantes do grupo posam com Ferraris, em Dubai — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Sumiço de piloto

A polícia revelou que a investigação começou a partir da apuração do sumiço do piloto Bruce Lee Carvalho dos Santos, que desapareceu no dia 12 de dezembro do ano passado. Ele é irmão de Mohammed d’Ali, que foi condenado por matar e esquartejar o corpo da inglesa Cara Marie Burke, em 2008, em Goiânia.

Segundo a polícia, Bruce Lee transportava drogas em um avião pertencente ao grupo. Inclusive, o delegado suspeita que a aeronave que ele pilotava caiu em um lago, na Bolívia, durante uma dessas viagens. Apesar disso, ele e a aeronave nunca foram localizados.

“Investigando esse desaparecimento, descobrimos que ele estava voando para o tráfico de drogas com uma aeronave que também está desaparecida desde dezembro de 2018 e acreditamos que ele tenha se acidentado, de fato, com essa aeronave na Bolívia”, disse o delegado Thiago Martimiano.

Polícia apreendeu R$ 570 mil em espécie e relógios de luxo suíços — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Polícia apreendeu R$ 570 mil em espécie e relógios de luxo suíços — Foto: Reprodução/TV Anhanguera