Dólar sobe 1% com exterior; política deixa mercado sensível

São Paulo – O dólar ampliou a alta para cerca de 1 por cento nesta quinta-feira, voltando a 4 reais, com o quadro político incerto no Brasil deixando o mercado mais sensível à piora do humor nos mercados externos.
A moeda norte-americana vinha alternando entre leves altas e baixas desde o início da sessão, na medida em que a atuação do Banco Central e a perspectiva de reforma ministerial atenuou a pressão sobre o câmbio.
Às 13:30, o dólar avançava 0,93 por cento, a 4,0025 reais na venda. Na mínima da sessão, atingiu 3,9378 reais e, na máxima, foi a 4,0145 reais.
Na véspera, a moeda norte-americana recuou mais de 2 por cento, reagindo a esperanças de apaziguamento nas tensões entre o Palácio do Planalto e o Congresso, mas ainda marcou em setembro a terceira alta mensal consecutiva.
“Houve uma leve piora no exterior e o mercado aqui está muito sensível a qualquer pressão de alta”, disse o operador da corretora Spnielli José Carlos Amado.
As bolsas norte-americanas ampliaram as perdas no início da tarde e os preços do petróleo passaram a cair. O movimento se refletiu em algumas moedas emergentes, com o dólar praticamente anulando as perdas contra os pesos chileno e mexicano.
O real, no entanto, foi mais afetado, com investidores nervosos depois de o Congresso adiar para a próxima terça-feira a análise dos vetos presidenciais, que têm impacto sobre o reequilíbrio das contas públicas.
Os atritos entre o Legislativo e o Executivo têm deixado o mercado nervoso, principalmente em meio aos esforços da oposição pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Em outra frente da oposição contra Dilma, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) volta a analisar nesta quinta-feira uma ação que pede a cassação do mandato da presidente, já com maioria favorável à continuidade da ação.
“O clima político segue ruim, apesar da reforma de Dilma”, escreveram analistas da Guide Investimentos em nota a clientes, referindo-se à expectativa de que o atual ministro da Defesa, Jacques Wagner, assuma a casa Civil no lugar de Aloizio Mercadante, com esperanças de suavizar a relação com o Congresso, segundo fontes do governo.
O BC reagiu às turbulências recentes reforçando sua intervenção no câmbio com leilões de venda de dólares com compromisso de recompra e de novos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares.
Nesta sessão, deu início à rolagem dos swaps que vencem em outubro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos. Isso representa 5 por cento dos contratos que vencem em novembro, que correspondem a 10,278 bilhões de dólares.
Se mantiver esse montante e vender sempre a oferta total, realizando leilões até o penúltimo pregão de outubro, a autoridade monetária vai rolar integralmente o lote do mês que vem, como fez nos últimos dois meses.EXAME
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