Brasil é 6º país que mais sangra dinheiro ilegal para fora

São Paulo – Mais de US$ 226 bilhões, o equivalente hoje a cerca de R$ 860 bilhões, deixaram o Brasil de forma ilegal na década entre 2002 e 2013.
Isso faz do Brasil o 6º país campeão nesse tipo de fluxo, atrás apenas de China (US$ 1,3 trilhões), Rússia (US$ 1 trilhão), México (US$ 528 bilhões), Índia (US$ 510 bilhões) e Malásia (US$ 418 bilhões).
A estimativa vem da última edição de um relatório anual feito pela Global Financial Integrity (GFI), uma organização de pesquisa e lobby com sede em Washington DC e financiamento da Ford Foundation.
O cálculo é feito com base em discrepâncias nos dados da balança de pagamentos e faturas de comércio internacional com valores manipulados.
A média anual brasileira no período foi de US$ 22 bilhões por ano. O pico foi em 2012, com US$ 32 bilhões, caindo para US$ 28 bilhões em 2013. É difícil dizer para onde vai essa trajetória:
“Não dá para dizer definitivamente que o ataque à corrupção terá impacto sobre este fluxo no futuro próximo, mas se vier acompanhado de reformas estruturais, há uma chance”, diz Joseph Spanjers, um dos autores do estudo.
“Mas notamos no passado um aumento da fuga de capital durante crises macroeconômicas, então é possível que isso venha a ser registrado durante a recessão atual”, completa.
Histórico
No ano passado, a GFi já havia lançado um relatório com foco no Brasil e que levava em conta um período mais longo: o cálculo é que US$ 400 bilhões sangraram do país entre 1960 e 2012.
A média anual saltou de US$ 310 milhões nos anos 60 para US$ 14,7 bilhões na década passada e US$ 33,7 bilhões no período entre 2010 e 2012. Em média, o fluxo equivale a 1,5% do PIB do país.
92,7% do valor total saiu atrávés do super ou subfaturamento de transações comerciais e o restante através de saídas de capital especulativo, como transferências bancárias não registradas.
“As saídas ilícitas drenam capital da economia brasileira, facilitam a evasão fiscal, acentuam a desigualdade e corroem a poupança interna do país”, diz Dev Kar, economista-chefe da GFI. EXAME