WhatsApp: por que EUA usam pouco o aplicativo de mensagens mais popular do mundo

Enquanto em países como o Brasil, o WhatsApp pode ter feito falta para muita gente na segunda-feira (4/10), quando uma pane deixou fora do ar por cerca de seis horas redes sociais pertencentes ao Facebook, nos Estados Unidos essa interrupção pode ter sido menos perceptível, já que lá o aplicativo de mensagens é bem menos usado.

Estima-se que o WhatsApp já superou o número de 2 bilhões de usuários em 180 países. Entretanto, no país em que ele foi criado, os Estados Unidos, menos de 20% dos usuários de smartphones usam o aplicativo, segundo a empresa de pesquisas Pew Research Center.

Apesar de vir de uma fonte diferente, a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box, de agosto, estimou que no Brasil nada menos do que 99% dos smartphones têm o WhatsApp instalado.

A cultura do SMS

Um dos motivos para o aplicativo não ser tão popular no seu país de origem é que a maior parte dos consumidores de telefonia móvel nos Estados Unidos têm planos contratados. Diferente de outros países, é raro ter um plano pré-pago por lá

Na década de 1990, quando os celulares se tornaram populares, ainda era caro enviar e receber mensagens de texto SMS (Short Message Service). Os planos incluíam um número limitado de SMS e passar disso levava a cobranças adicionais.

Com a expansão da infraestrutura e da tecnologia 2G, e consequentes ampliação da cobertura e da competição, as coisas mudaram. As operadoras passaram a oferecer planos com ligações ilimitadas e SMS grátis, o que popularizou essa ferramenta de envio e recebimento de mensagens de texto.

“A boa e velha telefonia 2G realmente surpreendeu os americanos, que a tomaram para si”, explicou Scott Campbell, professor de telecomunicações da Universidade de Michigan, no blog de tecnologia Lifewire.

Celular antigo com mensagem de texto na tela
Legenda da foto,A primeira mensagem de texto foi enviada em 3 de dezembro de 1992

Neste contexto, a opção de usar dados de internet ainda era cara — por isso, para enviar mensagens, o SMS continuou prevalecendo por um tempo.

Mesmo que hoje ter internet móvel seja mais acessível e que conexões Wi-Fi estejam por todo lado no país, o hábito do SMS ficou.

O avanço do Facebook Messenger

Logos de WhatsApp, Messenger e Instagram em tela de celular
Legenda da foto,Os americanos sofreram muito mais com a interrupção do Facebook e do Instagram na pane da segunda-feira (4/10) do que do WhatsApp

A internet trouxe novas alternativas além do SMS e do WhatsApp, como outro aplicativo de mensagens da mesma empresa, o Facebook Messenger.

Um levantamento da Statias sobre ferramentas para troca de mensagens e videochamadas mostrou que, em 2021, o Facebook Messenger foi o mais usado (87%) pelos americanos. E FaceTime (34%), Zoom (34%) e Snapchat (28%) aparecem à frente do WhatsApp (25%).

Mas quando se trata dos latinos nos EUA, as coisas mudam: quase 50% deles usam o WhatsApp, principalmente porque muitos recorrem ao aplicativo para falar com pessoas que estão em outros países.

Na América Latina, o WhatsApp se popularizou ao inaugurar a possibilidade da comunicação instantânea totalmente gratuita.

O fator iPhone

Mensagens em um iPhone
Legenda da foto,Sistema iOS integrou SMS e sua própria plataforma de mensagens

Outro elemento que afasta os americanos do WhatsApp é a considerável presença do iPhone no país, usado por cerca de 50% dos consumidores de telefonia móvel por lá.

Como o sistema iOS, usado nesse tipo de celular, adaptou seu aplicativo iMessage às plataformas de SMS das operadoras de celular, o uso do SMS não foi afetado.

Quando os usuários de iPhones enviam mensagens entre si, o celular usa o iMessage; mas se um dos celulares correspondentes tiver sistema de outro fabricante, como o Android, ele usa a rede SMS.

Entretanto, especialistas em segurança digital dizem que os SMS são mais vulneráveis a invasões do que as conversas criptografadas oferecidas pelo WhatsApp.

Além disso, a possibilidade de formar grupos no WhatsApp é outro recurso que pode mudar a arraigada cultura do SMS nos Estados Unidos. BBC