TRAFICANTES DE SAPUCAIA,PONTA PORÁ E MARCOLA CONDENADOS A 222 ANOS DE PRISÁO

Justiça Federal de Araçatuba condena irmão de Marcola e mais 7
Somadas, as penas chegam a 222 anos e 9 meses de prisão

A Justiça Federal de Araçatuba condenou oito pessoas presas na operação Quinta Roda, deflagrada pela Polícia Federal em março do ano passado, contra quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas. Somadas, as penas chegam a 222 anos e 9 meses de prisão. Dois réus foram absolvidos por falta de provas.

Entre os condenados está Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado pela polícia líder do PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele teve a pena mais alta entre os réus, totalizando 81 anos e 8 meses de cadeia. Ele já cumpre pena em uma penitenciária paulista.

Ricardo Henrique de Souza, que é de Araçatuba, foi condenado a 24 anos, 2 meses e 15 dias de prisão em regime fechado, e Ronaldo Gazola, de Guararapes, a 5 anos, 4 meses e 19, mas no regime semiaberto. Os dois aguardavam o julgamento em liberdade de devem permanecer soltos enquanto recorrem da decisão.

DENÚNCIA
Consta na sentença que a Polícia Federal instaurou inquérito após a Unidade de Inteligência da Delegacia de Polícia Federal em Araçatuba receber denúncia anônima de que moradores na cidade e em Guararapes estariam envolvidas num grande esquema de tráfico internacional de drogas.

Segundo a denúncia, o araçatubense Souza compraria os caminhões e contratava motoristas para transportar a droga. Gazola, de Guararapes, teria indicado ao grupo criminoso um caminhão para ser comprado e utilizado para transportar entorpecente.
A operação recebeu o nome de Quinta Roda porque a quadrilha fazia um fundo falso na quinta roda dos caminhões, com capacidade para transportar até 300 quilos de entorpecentes.

As investigações preliminares a partir de trabalho de campo e de pesquisas em bancos de dados disponíveis começaram em março de 2015 e o caminhão indicado pela denúncia foi visto e fotografado na frente da casa de Gazola, em Guararapes. Posteriormente, esse mesmo veículo foi apreendido com 333 quilos de cocaína.

A investigação apurou ainda, que Souza, com passagens criminais por tráfico de entorpecentes e furto, estava desempregado havia mais de 20 anos e que, apesar de a mãe dele não possuir carteira de habilitação, havia dois veículos no nome dela. Com base nas informações colhidas, foi instaurado o inquérito policial e a Justiça Federal autorizou a quebra do sigilo telefônico de Gazola, Souza e de outras pessoas próximas a eles.

QUADRILHA
Consta na sentença que durante dez meses de investigação, foram apreendidos 560 quilos de cocaína, 25 mil quilos de maconha, um fuzil 5.56, uma pistola 9 milímetros e 160 mil dólares em dinheiro.

Foi constatado ainda, que a organização criminosa estava estruturada em núcleos de atuação estrategicamente posicionados em cidades próximas às fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia. Segundo a denúncia, esses núcleos contavam com hierarquia, especialização de funções, preocupações com resultados e metas, mobilidade geográfica e ajuda mútua.

GRUPOS
Os réus condenados nessa ação pertenciam ao grupo São Paulo, mas existia ainda, os núcleos de Corumbá (MS), com seis denunciados; o de Ponta Porã (MS), com quatro denunciados; e o de Coronel Sapucaia (MS), com seis denunciados. Para não comprometer os trabalhos da acusação e das defesas, houve o desmembramento e instaurados processos separados para cada núcleo.

Referente ao núcleo São Paulo, os outros condenados são Gilmar Pinheiro Feitoza – pena de 71 anos e 2 meses e 21 dias de prisão no regime fechado; André Luiz de Souza (29 anos e 2 meses no regime fechado); Cleyton Macedo Kubagawa (5 anos, 6 meses e 15 dias no regime semiaberto); e a advogada Jacqueline Terencio (5 anos, 6 meses e 15 dias no regime semiaberto).

Assim como Souza e Gazola, Kubagawa e Jacqueline tiveram reconhecido o direito de recorrer em liberdade. A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos réus.

Justiça não vê ligação entre Alejandro e o PCC
A Justiça Federal de Araçatuba, ao julgar a ação que condenou oito pessoas por integrar quadrilha especializada no tráfico internacional de drogas, considerou que a única ligação entre Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior e o PCC (Primeiro Comando da Capital), é o fato de ele ser irmão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado líder da facção criminosa.

“Em outras palavras, não há elementos concretos de prova de que a organização criminosa investigada nesta ação seja um dos tentáculos do PCC. O que se tem é apenas o parentesco entre o réu Alejandro e seu irmão Marcos Willians, o qual não é acusado de qualquer crime no contexto da Operação Quinta Roda”, consta na sentença.

‘MARCOLINHA’
Segundo a decisão, o fato de o apelido de Alejandro ser ou não “Marcolinha” ou de ele pertencer ou não ao PCC são irrelevantes no que se refere à apuração dos fatos.
Alejandro foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) e condenado como sendo o chefe da organização criminosa, apesar de na época das investigações estar preso na penitenciária de Valparaíso. O braço direto da quadrilha e operador das ações, segundo a denúncia, é Gilmar Pinheiro Feitosa.

Outro condenado, André Luiz de Souza, está preso na penitenciária 2 de Presidente Venceslau e, segundo a denúncia, age por intermédio do irmão, Ricardo Henrique de Souza, que é de Araçatuba e responsável pela compra de caminhões e contratação de motoristas. Ele também foi acusado de defender os interesses do irmão.

O responsável pela guarda de dinheiro arrecadado com a venda de entorpecentes pela organização criminosa é Cleyton Macedo Kubagawa, segundo a denúncia, enquanto a advogada Jacqueline Terencio foi acusada de utilizar a profissão para favorecer a criminalidade.

MULHERES
A companheira de Feitosa e outra mulher, apontada como possível responsável pela guarda de material ilícito e drogas pertencentes à quadrilha, foram denunciadas, mas absolvidas por falta de provas.