Suspeito de estuprar alunas, Tom Brasil quer indenização de R$ 30 mil

Suspeito de estuprar alunas, Tom Brasil quer indenização de R$ 30 mil

Após conseguir habeas corpus e responder em liberdade ao processo em que é suspeito de estuprar sete alunas, Ewerton Cesar Ferriol, conhecido como Tom Brasil ingressou na Justiça com ação pedindo indenização do Facebook, após a publicação no perfil de uma bailarina na rede social que trouxe a público a denúncia contra ele.

Na ação ingressada na última sexta-feira (9), Tom Brasil pede uma indenização de R$ 30 mil, mais multa diária caso o link em que a bailarina o acusa de cometer estupro não seja retirado definitivamente. O suspeito relata que depois da publicação considerada difamatória, ele perdeu clientes e teve de fechar a academia de dança que tinha há 10 anos, em Campo Grande.

Ainda de acordo com a ação, Tom Brasil rebate a informação de que teria contaminado a bailarina com DST (Doença Sexualmente Transmissível). Ainda segundo o texto, após a publicação em rede social, ele teria sofrido ameaças de pessoas desconhecidas, bem como, a repercussão de matérias sobre o assunto teriam ‘manchado’ a sua boa reputação.

Na ação é pedida a tutela de urgência contra a empresa Facebook, e que num prazo de cinco dias contados da intimação seja retirado o conteúdo, com previsão de multa diária de R$ 1 mil.

Habeas corpus e tornozeleira
Após sete bailarinas acusarem Tom Brasil de estupro quando faziam parte do corpo de balé de sua academia, o professor fugiu depois de um mandado de prisão ser expedido. Ewerton ficou foragido por 16 dias, quando conseguiu na Justiça um habeas corpus.

O habeas corpus foi concedido por unanimidade pelos desembargadores do Tribunal de Justiça. O mesmo requerimento já havia sido negado em primeira instância no dia 26 de novembro de 2017, pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande.

A Justiça teria levado em consideração o fato de Tom Brasil ser réu primário.

Os abusos
Ewerton Cesar é investigado pelo estupro de pelo menos sete alunas e aguarda a conclusão das investigações em liberdade usando tornozeleira. De acordo com as vítimas, os abusos aconteciam sempre da mesma forma, com o professor marcando ensaios a sós com a vítima. Uma das alunas do professor, de 25 anos, conta que era bolsista em sua escola de dança e que os abusos só teriam parado nos últimos 3 anos que passou na companhia, quando foram entrando novas integrantes, que se tornariam ‘novos alvos’.

Segundo ela, geralmente as meninas que ganhavam bolsa para estudar na escola passavam a enfrentar algum tipo de assédio. “Sempre começava da mesma forma. Depois de conhecer a sua rotina, ele marcava um tipo de treinamento a sós, momento em que começam as investidas”, diz. Uma das vítimas do professor teria sido sua ex-cunhada, que teria sido agredida fisicamente com puxões de cabelo, tapas, além de ser obrigada a participar de sessões de sexo a três.

A primeira ocorrência registrada contra o professor aconteceu em setembro de 2016, quando a mãe de uma adolescente de 16 aos procurou a delegacia de polícia, após a filha contar ter sido abusada sexualmente pelo professor durante uma das aulas.

Ele teria levado a garota para o piso superior do local o de estava acontecendo a aula, e em uma sala escura, a segurado com força pelo braço e a estuprado. Outro boletim de ocorrência foi feito em 2017 por outra adolescente.
Denúncia em rede social.

Denúncia na rede social
Uma bailarina de Campo Grande, que atualmente mora no Distrito Federal, usou as redes sociais, para denunciar que teria sofrido abusos por parte do coreógrafo e dono de uma companhia de dança da Capital.

Ela afirmou no depoimento que se não mantivesse relações sexuais com ele era cortada das apresentações. A jovem diz que ainda que era obrigada manter as relações sem o uso de preservativo e que com isso, contraiu DSTs (Doença Sexualmente Transmissível).

“Iniciei como bolsista na academia dele em 2010. Fiz parte da companhia, dancei em shows, programa de TV e qualquer outra coisa que surgisse. Saí em janeiro de 2013 quando me mudei para Brasília para fazer faculdade. Nesses dois anos fui abusada sexual, profissional, financeira, moral e psicologicamente. Eu e muitas outras meninas que passaram pelos seus ‘ensinamentos’”, diz a postagem.

A dançarina afirmou em seu post que ao contar para o coreógrafo que havia contraído DST e que suspeitava de gravidez, foi humilhada e chamada de prostituta, por várias vezes. Ela ainda diz que o professor de dança teria pedido o dinheiro do cachê pago por um bar aos bailarinos, pois a companhia estava em dificuldades financeiras. Depois disso, a jovem diz não ter mais recebido o dinheiro pelo trabalho.

Sobre fazer a denúncia anos após ter deixado o grupo de dança, ela explica que “Eu não queria ter demorado tanto a falar sobre isso, mas ainda é muito difícil. A culpa e o medo que cerca esse meu discurso as vezes pesa mais do que a vontade de falar e sanar injustiças. São poucas pessoas que sabem dessa história e hoje eu quero que todo mundo fique sabendo. Ainda com medo, ainda com vergonha”.