Confesso que para mim foi uma grande surpresa saber que a ex-miss Brasil Martha Rocha, uma das mulheres mais lindas do mundo, frequentadora do Jet Set internacional por tanto tempo, optou, aos 82 anos, por morar em uma casa de repouso, em Volta Redonda. A vida faustosa de outros tempos ficou, definitivamente, para trás. Falta de dinheiro foi o que motivou a troca de endereço. Símbolo da beleza curvilínea da metade do século 20, Martha nasceu em Salvador – foi a primeira mulher a ganhar o título de Miss Brasil no concurso oficial, como existe hoje, que começou a ser realizado regularmente em 1954 -, e por pouco não se tornou Miss Universo. Ficou em segundo lugar no concurso internacional, realizado nos Estados Unidos, que, na época, tinha enorme prestígio. Foi aí que chegou a fama.
Ainda bem jovem, casou-se com o banqueiro português Álvaro Piano, de quem logo ficou viúva – ele morreu em um acidente aéreo – depois de ter dois filhos, Álvaro Luiz e Carlos Alberto. Mais tarde, em 1961,casou-se novamente. Desta vez com o empresário carioca Ronaldo Xavier de Lima, pai de sua única filha, Cláudia Xavier de Lima, renomada artista plástica. Antes disso, trabalhou como modelo e garota propaganda em estúdios de Hollywood. De volta ao Brasil, chegou a gravar dois discos com uma das estrelas da música de então, Emilinha Borba. Há rumores de que, passando por dificuldades financeiras, ela teria pedido ajuda à filha mas, não se sabe o motivo, o amparo não veio, obrigando a octogenária ex-rainha da beleza a buscar uma casa de repouso para viver.
Martha foi internada no ano passado para tratar uma pneumonia
Não me sinto diminuída Foi através do facebook que a própria Martha resolveu tornar pública a sua situação: “Meus amigos, participo que estou morando numa pousada para idosos por questões financeiras. Não me sinto diminuída, humilhada por isso. Pelo contrário, pois minha dignidade segue sem mácula. Beijos, meus amores, onde Deus os tenha os colocado”, escreveu ela.
Possivelmente, em função da reação das pessoas a esse comunicado, a ex-miss publicou outro post: “Pensei muito antes de postar minha situação, por temer ser mal interpretada. E é exatamente o que está acontecendo,” explicou ela, continuando: “Se, em 1995, com a fuga de Jorge Piano – seu cunhado, dono de uma das maiores casas de câmbio do Rio de Janeiro – com todo o meu dinheiro, nem pensei em pedir ajuda. Superei meus problemas com suporte de meus dois filhos, duas amigas e o meu trabalho honrado, vendendo quadros pintados por mim, e ganhando cachê para divulgar o concurso de Miss Brasil.” Fechando o pequeno texto, ela afirma: “Para mim, meus amores, este assunto está encerrado. Ponto final.”
Um ponto final que significa, na verdade, depois de mais de oito décadas de existência, o início de um outro capítulo – menos glamouroso – na vida dessa baiana, chamada carinhosamente de “eterna Miss Brasil.”