Secretário da Saúde de SP admite que estado pode ter 800 mortes diárias por Covid-19

‘Essa projeção é possível’, afirmou o secretário nesta sexta-feira (19). Na terça (16), São Paulo registrou 679 novas mortes provocadas pela doença, maior índice desde o início da pandemia.

Por G1 SP — São Paulo

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, admitiu nesta sexta-feira (19) que o estado pode chegar a 800 mortes diárias por Covid-19.

A declaração foi dada após ser questionado sobre reportagem veiculada pela Folha de S. Paulo, de que as projeções internas do governo paulista apontam que o estado deverá atingir 750 e 800 óbitos diários pela doença nos próximos dias.

“Essa projeção é possível, uma vez que por mais que nós estejamos aumentando o número de leitos, assistência a vida, se não houver o apoio das pessoas no sentido de evitar a sua circulação, e essa fase emergencial visa exatamente diminuir a mobilidade das pessoas, é óbvio que junto com as pessoas que circulam, circulam com elas os vírus. E dessa forma mais pessoas doente que acabam indo de forma grave para as unidades de saúde. Importante lembrar que é uma doença grave, 40% dessas pessoas infelizmente morrem nas unidades de terapia intensiva”, afirmou.

O secretário esteve nesta manhã na sede do Instituto Butantan ao lado do governador João Doria (PSDB) e do diretor do Instituto, Dimas Covas, para acompanhar o envio de mais 2 milhões de doses da vacina CoronaVac ao Ministério da Saúde.

Na ocasião, Doria fez críticas ao prefeito Bruno Covas, que decidiu antecipar cinco feriados municipais para tentar frear o avanço da doença no município. E disse que medida criou um “mal-estar” com prefeitos do litoral e de cidades da Grande SP.

“Nós alertamos ontem a Prefeitura de São Paulo de que uma medida como essa deveria ser discutida previamente com o governo do estado de São Paulo e com os prefeitos da região metropolitana e também do litoral e não anunciados sem esse tipo de entendimento, porque gera evidentemente dúvidas e preocupações em prefeitos, sobretudo do litoral de SP, litoral norte, baixada santista, litoral sul, em relação ao volume de pessoas que poderiam se dirigir a estas cidades diante de um feriado prolongado “

“Infelizmente a decisão do prefeito foi anunciar sem esse tipo de entendimento prévio”, afirmou Doria.

Segundo o governador, o Centro de Contingência da Covid-19 estuda alternativas para minimizar os impactos da antecipação do feriado na capital e disse que irá atender às solicitações dos municípios para evitar superlotação, principalmente nas cidades do litoral. As medidas serão anunciadas em coletiva de imprensa no início da tarde.

Recordes

Na terça-feira, o estado de São Paulo registrou 679 novas mortes provocadas pela Covid-19 nesta terça-feira (16), o recorde em 24 horas desde o início da pandemia. O número equivale a uma nova morte confirmada a cada 2 minutos e 6 segundos.

Nesta quinta (18) média móvel diária de 453 mortes pela Covid-19, batendo recorde de maior valor desde o início da epidemia pelo 13º dia seguido.

O indicador é 64% maior do que o registrado há 14 dias, o que para especialistas indica forte tendência de alta.

Hospitais em colapso

A ocupação geral de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas redes pública e privada está em 90,6% no estado e em 91% na Grande São Paulo nesta quinta.

O número total de pacientes internados no estado é de 26.941, sendo 11.410 em UTIs e 15.531 em enfermaria. Esse valor é 73% maior que o total de pacientes internados no dia 27 de fevereiro, quando o estado bateu o recorde de pacientes internados pela primeira vez.

Especialistas alertam para o colapso do sistema, já que a capacidade de criação de leitos, especialmente de UTI, é limitada.

Nesta quinta-feira um jovem de 22 anos morreu à espera de um leito de UTI na capital paulista. “Não deu tempo por falta de socorro. Por falta de oxigênio, o meu filho não está aqui”, disse a mãe de Renan Ribeiro Cardoso, que morreu no Pronto Atendimento de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista.

O colapso da saúde também atinge a rede particular da capital. Nesta terça, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, disse que os hospitais privados estão solicitando leitos do SUS porque não conseguem atender a demanda.

A fila por leitos de Covid-19 passou de 395 pessoas para 475 nesta quinta-feira na cidade de São Paulo, e a prefeitura anunciou que vai abrir novos leitos em “hospitais de catástrofe”, exclusivamente para pacientes de Covid-19.