Rondonópolis: O segundo maior pólo industrial de Mato Grosso

O setor industrial de Rondonópolis hoje é marcado pela diversificação, contudo, mantém como base o agronegócio.

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O município de Rondonópolis se constitui no segundo maior pólo industrial de Mato Grosso, conforme dados de 2015 elaborados pela Federação das Indústrias do Estado (FIEMT). O valor da atividade industrial do município chegava a R$ 2,328 bilhões*, ficando atrás apenas do valor da atividade industrial da capital Cuiabá, com R$ 3,618 bilhões*. A atividade industrial de Várzea Grande chegava a R$ 1,056 bilhão*.

O setor industrial de Rondonópolis hoje é marcado pela diversificação, contudo, mantém como base o agronegócio. Entre as principais atividades da indústria rondonopolitana estão o processamento de grãos, especialmente a soja, o processamento/mistura de fertilizantes, a produção de nutrição animal, a indústria de bebidas, o processamento de carne, produção de embalagens, entre outras.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segundo segmento mais importante em Rondonópolis é o industrial, atrás do setor de serviços (incluindo o comércio). Vale informar que, atualmente, o município conta com seis distritos industriais, incluindo o complexo do terminal da ferrovia e o minidistrito de Vila Operária.

* Refere-se ao Valor Adicionado Bruto/VAB, ou seja, o Produto Interno Bruto/PIB menos impostos.

ESMAGAMENTO DE SOJA

O município de Rondonópolis é apontado como o maior pólo de processamento de soja do Brasil, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Unidades da Bunge e ADM (acima), juntamente com a Cofco, fazem de Rondonópolis o maior pólo esmagador do Brasil

A maior unidade de industrialização de soja da Bunge no Brasil está em Rondonópolis, inaugurada em 2002 e que já passou por várias ampliações. A unidade local concentra processamento de algodão e de soja, além de refinaria e envase de óleo vegetal.

Outra fábrica tradicional nesse ramo em Rondonópolis é da ADM, com plantas de processamento de soja, de produção de biodiesel, glicerina e ácidos graxos. A unidade de processamento de grãos em Rondonópolis é apontada como a maior do grupo.

A Cofco Agri (antiga Noble) também tem uma planta de esmagamento de soja em Rondonópolis, onde também tem uma fábrica de biodiesel. Está sediada no terminal ferroviário, sendo apontada como a maior exportadora de soja de Mato Grosso.

Uma outra empresa que atua na cidade é a Caibiense, no Jardim Rui Barbosa, com esmagamento de caroço de algodão e refino de óleos.

BIODIESEL – A cidade também é um importante centro produtor de biodiesel, com destaque para a fábrica da ADM, apontada como a maior planta desse segmento do país, com capacidade de produção diária de aproximadamente 1.200 toneladas métricas.
As empresas Cofco, no terminal ferroviário, e Caibiense também são produtoras de biodiesel em Rondonópolis.

POLO MISTURADOR DE FERTILIZANTES

A partir da localização estratégica, sendo porta de entrada para Mato Grosso, o Estado de maior produção de grãos do Brasil, Rondonópolis sedia o maior número de unidades misturadoras de fertilizantes em âmbito estadual.

As fábricas misturadoras de fertilizantes são uma das grandes empregadoras no município. Nas imagens, unidade da Fertipar e Península

As fábricas com atuação em Rondonópolis impulsionam a importação de bens, fazendo com que o município se mantenha como o maior importador de Mato Grosso, tendo como principais itens adquiridos os insumos utilizados na composição de fertilizantes/adubos e produção agrícola.

As mais diversas empresas do ramo possuem unidades em Rondonópolis, como Mosaic, Fertipar, Península, Yara do Brasil, Sudoeste, Heringer, Araguaia e Andali. A planta local da Fertipar Mato Grosso, por exemplo, é uma das maiores empresas do Brasil em volume de vendas.

Um novo e recente investimento na área se deu neste ano, com a operação das atividades da JM-Link no terminal ferroviário, com mistura e recebimento de fertilizantes, que possibilita ainda o retorno da carga de Santos/SP com fertilizantes, podendo abastecer o Estado.

NUTRIÇÃO ANIMAL

Ao longo das décadas, Rondonópolis também se tornou um dos mais importantes centros de produção de nutrição animal da região Centro-Oeste. Esse diferencial foi galgado se valendo da demanda de Mato Grosso, detentor do maior rebanho bovino do Brasil.

Ao longo dos anos, o município também concentrou inúmeras fábricas de ração animal (Foto: Senai/MT)

A área de produção de rações animais em Rondonópolis é referência para grandes produtores de Mato Grosso, além de gerar emprego e renda localmente. Empresas como Coperphós, Nutripura, Agroceres/Novanis, Suprenorte, Zootec, Nutrideal e MJ atuam no município.

As fábricas sediadas em Rondonópolis abastecem todo o Mato Grosso, além de diferentes estados do Brasil, com nutrição para bovinos, aves, equinos, suínos e peixes. A força do setor despertou até o interesse de grandes empresas de renome internacional, como a aquisição em 2016 do controle da Novanis pela Agroceres Multimix.

SETOR DE CARNES

O setor de frigoríficos e abatedouros de carne bovina aparece com destaque no setor industrial de Rondonópolis. Uma das empresas que se sobressai é a Agra Agroindustrial, frigorífico instalado às margens da BR-163, na saída para Campo Grande (MS), que possui grande atuação na exportação de carnes. A unidade se figura como uma das maiores empresas no setor em faturamento do Brasil e está projetando expansão no abate, segundo informado à reportagem.

Setor de frigoríficos e abatedouros de carne bovina aparece com destaque no setor industrial. Na foto, a Agra Agroindustrial

A antiga planta do Mataboi, também na saída para Campo Grande, na BR-163, foi adquirido pelo FrigoEstrela, passando a operar como unidade de abate de bovinos da empresa desde o ano passado.

Em uma escala menor, a cidade também possui o Frigorífico Rondonópolis, na zona rural. O Superfrigo, na BR-364 saída para Pedra Preta (MT), desativou sua produção.

DIVERSIFICAÇÃO

Apesar de ter base no agronegócio, a indústria de Rondonópolis ganhou boa diversificação principalmente devido ao fator logístico, com fácil acesso rodoferroviário para diferentes regiões do Brasil.

No setor de bebidas, a principal referência é a fábrica da Cervejaria Petrópolis, na BR-163, saída para Campo Grande. Segundo informação da Prefeitura, ela é a indústria hoje com maior peso na formação do Valor Adicionado de Rondonópolis, sendo a unidade que mais contribui para ICMS.

Unidade da Bemis Rondonópolis

A produção de rótulos e embalagens plásticas também chama a atenção na indústria local, principalmente com uma grande unidade da Bemis (antiga Dixie Toga), próximo ao parque de exposições. Nessa mesma área, a cidade possui a Artfex, bastante ativa e que vem projetando aumento da produção, segundo informado pela Prefeitura.

Unidade da TBM Têxtil Rondonópolis

Na área têxtil, houve um grande baque com a paralisação da Santana Textiles, no Anel Viário, que produzia jeans índigo e chegou a ser a maior empregadora da iniciativa privada. Apesar disso, o setor tem hoje a TBM Textil, em frente ao Aeroporto Municipal, com produção de fios.

As pequenas indústrias de peças íntimas e uniformes do município também viraram referência, com dezenas de confecções formalmente estabelecidas. O sonho do segmento é contar com um centro atacadista para fomentar as vendas.

A industrialização do município ganhou boa diversificação principalmente devido ao fator logístico

Outros segmentos da indústria são formados por pequenas e médias empresas, indo desde a área de alimentação, fundição, gráficas, beneficiamento de arroz e café, metalúrgica, equipamentos para agricultura e pecuária, artefatos de concreto e fibrocimento, limpeza, carrocerias, móveis, entre outros.

TERMINAL INTERMODAL

O Complexo Intermodal de Rondonópolis, um loteamento com várias empresas de médio e grande porte atuando em torno da ferrovia, localizado na saída para Campo Grande, virou um novo distrito industrial no município.

Entre próprios e prestadores de serviços, a estimativa é que o terminal ferroviário gere atualmente cerca de 3 mil empregos. Segundo a Prefeitura, o terminal ferroviário hoje é responsável por entre 20% a 25% da arrecadação do Município.

Em um investimento de R$ 206 milhões, o terminal ferroviário de Rondonópolis passa por uma expansão em sua estrutura

Ali se constituiu o maior terminal ferroviário da América Latina, que recebe até 1.500 caminhões por dia com volume anual de 18 milhões de toneladas. É desse complexo que parte o escoamento de quase metade da safra mato-grossense para o porto de Santos.

O espaço tem a atuação de empresas nos segmentos de líquidos, como gasolina, etanol, diesel e biodiesel, planta esmagadora de grãos, o maior terminal de granel do Mundo, fábrica de mistura e recebimento de fertilizantes, posto de combustível e operação de contêineres, possibilitando a movimentação de qualquer tipo de carga.

E ainda tem um projeto de ampliação em execução no terminal, visando aumentar a descarga e o embarque no terminal a partir de novos investimentos. Ao todo serão investidos cerca de R$ 206 milhões em novas estruturas no terminal. A capacidade de armazenamento vai passar de 45 mil toneladas para 120 mil toneladas.

Serão instaladas três tulhas extras e construída uma nova linha ferroviária, possibilitando um aumento de 60% nas operações de carregamento de vagões, passando de 900 para 1.400 vagões por dia. Serão construídos dois novos armazéns, quatro novas moegas e cinco novas balanças rodoviárias, além de adequações e investimentos em infraestrutura.

Graças ao terminal, Rondonópolis também se tornou um importante centro de distribuição de combustíveis para a região Centro-Oeste, com bases das empresas Raízen, Ipiranga e agora Teciap (bandeira branca), que deve começar a operar neste meio de ano. A base da Petrobras, que seria a maior delas, está com a construção suspensa desde as denúncias da Lava Jato. Além de trazer o combustível, as empresas levam com o trem o biodiesel produzido na região.

MAIOR EXPORTADORA E IMPORTADORA

Fruto de um agronegócio forte e um setor industrial bastante expressivo, Rondonópolis é um dos principais exportadores do Brasil. No ano passado, a cidade se figurou como a principal exportadora de Mato Grosso.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o município registrou em 2018 exportações no valor de US$ 1,335 bilhão. Com esse resultado, Rondonópolis apareceu como o 39º maior exportador do Brasil, em 2018. O segundo lugar em exportações de Mato Grosso ficou com o município de Sorriso, com US$ 1,083 bilhão exportados no mesmo período.
Rondonópolis ficou ainda com o título de maior importador do Estado de Mato Grosso em 2018, assim como efetivado nos anos anteriores. Neste ano de 2018, o município apresentou US$ 631,5 milhões em produtos adquiridos do exterior, representando 39,6% das importações estaduais.
Nos cinco primeiros meses de 2019, Rondonópolis aparece como o segundo maior exportador de Mato Grosso, com vendas na ordem de US$ 571 milhões, estando nesse período atrás da cidade de Sorriso.