Policial federal é suspeito de vazar informações para milícia

Perícia feita em pen-drive mostra que o agente fez pesquisas em nome de produtor rural

Um policial federal aposentado está sendo investigado pela Polícia Civil pelo vazamento de informações de um sistema da polícia para suspeitos de integrar milícia, em Campo Grande. Perícia realizada num pen-drive apreendido junto ao guarda municipal Marcelo Rios, 42 anos, encontrou verdadeiro dossiê de um produtor rural da região de Bonito. Informações que teriam sido apuradas pelo policial.

O produtor rural, de 50 anos, natural de Itu (SP), pode ser um dos alvos do grupo de extermínio investigado pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras), em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).

Conforme laudo anexado a processo relativo ao caso, o policial foi o responsável por realizar pesquisas sobre o fazendeiro junto ao banco de dados do Sistema de Informações Criminais (Sinic).

A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística do Estado no aparelho encontrou sete imagens, um documento de texto e dois arquivos em PDF, entre outros arquivos. Além da busca no Sinic, na mídia eletrônica havia uma pesquisa realizada sobre o produtor rural de Bonito na Receita Federal, com diversos dados pessoais. 

O Correio do Estado questionou a Polícia Federal sobre a situação e se o policial é alvo de algum procedimento investigatório interno. Não houve nenhuma resposta até a publicação desta reportagem.

A reportagem também entrou em contato com os delegados Fábio Peró e  João Paulo Sartori, responsáveis pela investigação do caso no Garras, para saber se o policial já prestou depoimento, mas a informação prestada por ambos foi de que o inquérito é tratado em sigilo.

RELEMBRE

Marcelo Rios está preso no dia 19 de maio, quando foi flagrado com um arsenal em uma casa desabitada no Bairro Monte Líbano. No local, havia seis fuzis (dois AK-47 de calibre 762 e quatro de calibre 556), um revólver 357, 11 pistolas 9 milímetros, quatro pistolas .40, uma pistola de calibre 22 e outra pistola de calibre 380, além de duas espingardas, sendo uma de calibre 12 e outra de calibre 22. Ainda foram encontradas 1.753 munições, 392 para os fuzis AK-47. Se somado aos cartuchos apreendidos em outros endereços vinculados a Rios, o total de munições supera 2 mil unidades. 

A suspeita da polícia é de que as armas pertençam a um grupo de extermínio responsável por, pelo menos, três execuções em Campo Grande, entre elas o assassinato do estudante de Direito Matheus Xavier, 20 anos, ocorrido em 9 de abril. O jovem  foi executado com dezenas tiros de fuzil calibre 7,62 milímetros. A tese de que o pai dele, o capitão reformado da PM Paulo Roberto Teixeira Xavier, era o alvo ainda não foi descartada pelos investigadores. correiodoestado

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