Polícia Federal conclui que Temer recebeu propinas da Odebrecht

Uma perícia da Polícia Federal no sistema que registrava as propinas pagas pela Odebrecht comprovou depósitos no exterior para o grupo do presidente Michel Temer. A propina havia sido combinada em reunião com Temer e peemedebistas, segundo a delação de um ex-executivo da empreiteira. O relatório da perícia foi anexado ao inquérito que concluiu pela existência de uma organização criminosa com integrantes do partido.

A promessa do pagamento de propina teria sido feita em uma “reunião no escritório político de Michel Temer, no dia 15 de setembro de 2010, que contou com a presença dos executivos da Odebrecht Márcio Faria e Rogério Araújo; do operador do PMDB João Augusto Henriques; do próprio Temer; e dos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves.

Segundo Márcio Faria, “ficou acertado que a Odebrecht pagaria ao PMDB propina de 4% do valor do contrato assinado entre a Petrobras e a Odebrecht no dia 26 de outubro de 2010 no valor aproximado de US$ 800 milhões. A propina seria de US$ 32 milhões”.

No depoimento ao Ministério Público Federal, Márcio Faria disse ainda que, desse total de US$ 32 milhões destinados ao PMDB da Câmara, identificados nos depósitos com os nomes Tremito e Mestre, US$ 20.800 foram pagos no exterior, enquanto o equivalente a US$ 11.200 foi pago em espécie no Brasil.

A negociação e o acerto da propina haviam aparecido na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria da Silva, fechada em dezembro de 2016.

Agora, depois de analisar milhares de documentos e fazer o confronto deles com planilhas entregues pela Odebrecht, a Polícia Federal concluiu que, de fato, foi feito o pagamento da propina no exterior para o grupo do PMDB da Câmara.

O relatório do perito criminal da Polícia Federal afirma que “os extratos bancários encontrados no sistema Drousys – do departamento de propina da Odebrecht – corroboram as afirmações de Márcio Faria da Silva quanto aos pagamentos no exterior, porquanto restou comprovado que os US$ 20.800 foram destinados ao PMDB nas contas bancárias denominadas Grand Flourish e GVTEL, esta última aberta no Meinl Bank, de Antígua, por Rodrigo Tacla Duran, advogado que, segundo apurado no curso da Operação Lava Jato, atuava no setor de operações estruturadas da Odebrecht”.

O que dizem os citados

Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha negaram as acusações.

O PMDB declarou que só vai se pronunciar quando tiver acesso ao documento da Polícia
Federal.

O Palácio do Planalto declarou que a narrativa delatada é uma “mentira absoluta”. Em nota, o Planalto negou que Michel Temer tenha se reunido com os participantes para tratar de valores ou de contratos da Petrobras. Afirmou, ainda, que o presidente contesta qualquer envolvimento do nome dele com negócios escusos.

A Odebrecht declarou que continua colaborando com a Justiça, que reconheceu os seus erros e pediu desculpas públicas.
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