PIB recua 3,8% em 2015, pior taxa dos últimos 25 anos

PIB recua 3,8% em 2015, pior taxa dos últimos 25 anos
Exame
João Pedro Caleiro, de Exame.com
São Paulo – O PIB do Brasil caiu 1,4% no 4º trimestre de 2015 em relação ao trimestre anterior na série com ajuste sazonal, divulgou nesta manhã o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É a quarta queda trimestral seguida. Com isso, a economia brasileira recuou -3,8% em 2015, próximo do que estava sendo projetado pelo mercado.
O Itaú Unibanco previa queda de 1,8% no trimestre e 3,9% no ano, um pouco acima da estimativa do Boletim Focus (3,71%) e de especialistas ouvidos pela agência Reuters (3,8%).
O tombo anual é o maior já registrado na série histórica do IBGE, que começa em 1996, e é o pior desde 1990, quando recuou 4,3%. No ano passado, o PIB tinha ficado praticamente estagnado (+0,1%).
O PIB per capita fechou 2015 em R$ 28.876, uma queda de 4,6% em relação a 2014, quando já havia recuado 0,8%. Veja na tabela:
“” style=”box-sizing: border-box; width: 320px; max-width: 320px; border: 0px; vertical-align: bottom;”>AnoCrescimento do PIBCrescimento do PIB per capita20004,4%2,8%20011,4%0%20023,1%1,7%20031,1%0,2%20045,8%4,4%20053,2%2%20064%2,8%20076,1%4,9%20085,1%4%20090,1%-1,2%20107,5%6,5%20113,9%2,9%20121,9%1%20133%2,1%20140,1%-0,8%2015-3,8%-4,6%
Setores
Só a agropecuária subiu: 2,9% no trimestre e 1,8% no ano, puxada pelo aumento da produção de soja (11,9%) e milho (7,3%), mas predicada pela queda de trigo (-13,4%) e café (-5,7%).
Todos os outros setores tiveram queda. A maior foi a do investimento, que recuou 4,9% em relação ao trimestre anterior, a sua sétima queda consecutiva. O resultado anual foi um tombo de 14,1%, que se soma a uma queda de 4,5% no ano anterior.
De 2014 para 2015, houve queda tanto na taxa de investimento (de 20,2% para 18,2%) quanto na taxa de poupança (de 16,2% para 14,4%) do país.
A indústria também teve um tombo importante, com recuo de 7,6% na construção e de 9,7% na indústria de transformação, que inclui eletrônicos, alimentos e carros. A única exceção foi a extração mineral, que subiu 4,9%.
Os Serviços tiveram queda de 2,7% no acumulado anual, puxada por resultados ruins no comércio (-8,9%) e transporte, armazenagem e correio (6,5%), com variações positivas apenas em intermediação financeira e seguros (0,2%) e atividades imobiliárias (0,3%).
Dois itens que ainda resistiam em 2014 cederam em 2015. Um deles foi o consumo das famílias, que passou de uma alta de 1,3% para queda de 4%, resultado de alta da inflação e do desemprego com queda da renda e do crédito.
O consumo do governo, que subiu 1,2% em 2014, caiu 1% em 2015. As exportações subiram 6,1%, puxadas por petróleo, soja, siderurgia e minério de ferro, enquanto as importações caíram 14,3%.
Veja nas tabelas (com exceção das comparações com o trimestre imediatamente anterior, os dados não tem ajuste sazonal)
Período de comparaçãoPIB4º Tri / 3º tri-1,4%4º Tri 2015 / 4º Tri 2014-5,9%2015 em relação a 2014-3,8%Valores correntes no ano (R$)1.531,6 bilhões
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Período de comparaçãoAgropec.IndústriaServiços4º Tri / 3º tri2,9%-1,4%-1,4%4º Tri 2015 / 4º Tri 20140,6%-8%-4,4%2015 em relação a 20141,8%-6,2%-2,7%Valores correntes no ano (R$)49,2 bilhões295,2 bilhões969,2 bilhões
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Período de comparaçãoInvestimentoCons. Fam.Cons. Gov.4º Tri / 3º tri-4,9%-1,3%-2,9%4º Tri 2015 / 4º Tri 2014-18,5%-6,8%-2,9%2015 em relação a 2014-14,1%-4%-1%Valores correntes no ano (R$)256,8 bilhões976,8 bilhões342,8