PEDRO JUAN,P.PORÁ:Moradores têm orgulho da fronteira

Moradores lembram mistura de culturas, costumes e história da fronteira.

Fronteiriço
Do outro lado da fronteira, o comerciante paraguaio Eliseo Arevalos, 41 anos, diz que não trocaria Pedro Juan Caballero por outra cidade e reafirma que a região tem problemas como qualquer outra.
“Sou da fronteira, nasci na fronteira, me criei na fronteira, casei com uma paraguaia da fronteira, tenho filhos. Eu nunca trocaria a fronteira por outra cidade. Toda cidade tem seus problemas, normal. Aqui acontece às vezes o que aconteceu, lógico que o pessoal fica tenso, com um pouco de medo de acontecer alguma coisa, mas continua normal. Meus filhos vão no colégio, na faculdade, a gente trabalha normal, o dia a dia é normal”.
Sobre a integração das culturas, ele diz que as cidades-gêmeas se misturam em tudo.
“Não tem como não misturar. Pedro Juan Caballero e Ponta Porã é uma cidade só. Você acaba misturando tudo, cultura, costume, comida, música, é muito bom. Você aprende com os paraguaios e os paraguaios com o brasileiro. Morar na fronteira é tudo de bom. Eu espero ter netos aqui, morrer aqui”, finalizou.
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Fronteira Brasil e Paraguai em MS (Foto: Martim Andrada/ TV Morena)
Já comeu sopa que é um bolo? Chipa que faz ‘tic’ quando dividida? Já esteve com os pés em países diferentes ao mesmo tempo? Essas são apenas algumas características da fronteira do Brasil com o Paraguai, em Mato Grosso do Sul.

Por conta da fronteira seca, sem muros ou obstáculos físicos, basta atravessar a linha internacional para entrar no país vizinho, a pé ou de carro. Se a pessoa ficar exatamente sobre a linha imaginária, delimitada por tótens ao longo da fronteira, é possível estar ao mesmo tempo nos dois países, com um pé no Brasil e outro no Paraguai. Ou até com os dois em ambos os países.
O G1 esteve na região no dia seguinte ao atentado e ouviu da maioria dos moradores que o clima amistoso entre hermanos de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero é muito maior que o medo da violência ou do narcotráfico.

Os brasiguaios, brasileiros que moram no Paraguai e paraguaios que moram no Brasil, fazem questão de lembrar da parte boa da fronteira. A mistura de culturas e o perfil trabalhador do povo hospitaleiro são alguns dos pontos mais comentados.

O cidadão de bem não corre risco. Se você não se envolve com coisas ilegais você não está sujeito. Nunca ouvi boato de bala perdida, sempre é acerto de contas. Já perdi uma pessoa por causa da violência, mas nem por isso acho perigoso. Isso acontece em qualquer lugar, não é porque é fronteira”, explicou aservidora pública Lilian Rios, de 32 anos.

Paixão
Lilian conversa sobre a fronteira com entusiasmo. Conta o que a região tem de bonito com paixão. “Falo para os amigos que aqui é um lugar incrível, que só quem conhece se apaixona. É uma mescla de culturas, são três idiomas, português, espanhol e guarani; três moedas, dólar, real e guarani; temos a sopa paraguaia, que é uma sopa sólida, a chipa que não tem igual, sem contar as danças, a música. Não tem como falar de Ponta Porã sem falar de Pedro Juan Caballero”.

Assim como outros moradores, a turismóloga é toda orgulho da região. “Tenho orgulho de falar que consigo vivenciar duas culturas totalmente distintas e estar em dois países ao mesmo tempo, sem precisar pagar passagem de ônibus. É mágico. Quando cheguei em outro estado começaram a me perguntar sobre isso e eu não sabia nada. Voltei para cá e comecei a enxergar diferente e a dar mais valor”, contou.
Lilian lembra ainda que os fronteiriços são amistosos e comenta que a cidade brasileira surgiu a partir do ciclo da erva-mate, ingrediente fundamental no famoso tereré, bebida gelada típica da fronteira. O símbolo da cidade, inclusive, é uma cuia de chimarrão e outra de tereré, para representar a união de duas culturas, a gaúcha e paraguaia.
“Os ervateiros gaúchos vieram em busca do mate na fronteira, quando ainda não existia Ponta Porã. Dizem os relatos que eles dormiam entorno das figueiras onde acampavam e descansavam na lagoa e aí surgiu o nome da cidade. Depois da queda do ciclo da erva-mate o comércio se fortaleceu e é uma das principais atividades até hoje”, lembrou.Com informações de G-1

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