Operações no mercado de câmbio registram receitas de juros
Bruno Domingos/ Reuters
Câmbio: o dólar mais barato levou o BC a registrar em março ganho recorde com operações cambiais de R$ 42,697 bilhões
da Agência Brasil
A conta de juros da dívida públicaregistrou receita inédita em março deste ano, mas o resultado positivo não deve se repetir nos próximos meses, segundo avaliação do chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Fernando Rocha.
Em março, a conta de juros apresentou receita líquida (descontados os gastos) de R$ 648 milhões, resultado inédito na série histórica iniciada em dezembro de 2001.
A explicação para a melhora na conta de juros está relacionada à queda do dólar em 10,6% no mês passado. O dólar mais barato levou o BC a registrar em março ganho recorde com operações cambiais de R$ 42,697 bilhões.
Essas operações são os swaps cambiais, usadas pelas empresas como mecanismo de proteção em momentos de forte oscilação da moeda.
Nos meses em que o dólar sobe, o BC tem prejuízo com as operações de swap. Quando a cotação cai, o BC tem lucro.
Os resultados são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas quando os contratos de swap são favoráveis à autoridade monetária e precisando ser cobertos com as emissões de títulos públicos pelo Tesouro Nacional quando acontece o oposto.
Rocha esclareceu que o resultado positivo da conta de juros não é uma tendência. “É um resultado pontual. Não se deve esperar receitas líquidas de juros nos próximos meses”, afirmou.
Rocha destacou que, como o setor público é endividado, por isso o resultado “normal” da conta de juros é de despesas líquidas (descontadas as receitas).
Para este mês também se espera resultado positivo com swaps cambiais, mas não suficiente para levar a um saldo positivo da conta de juros.
“Como o Banco Central deve ter um ganho novamente em abril, a conta de juros vai ficar menor, mas não a ponto de ficar credora”, acrescentou. Até sexta-feira (22), os ganhos com swaps chegaram a R$ 9,351 bilhões.