Mulheres e aposentadoria, um retrato preocupante

Empregos informais e falta de educação financeira representam riscos para a segurança na velhice.

Relatório do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon sobre como as mulheres se preparam para a aposentadoria traz um retrato preocupante. O trabalho se intitula “O novo pacto social: conquistando a igualdade de aposentadoria para as mulheres” e é um desdobramento de pesquisa realizada em 2019 que ouviu 16 mil pessoas em 15 países, entre eles o Brasil. Por aqui, 47% das trabalhadoras estão no setor informal e, se considerarmos que elas vivem mais e ganham menos, temos uma combinação de fatores que desemboca numa velhice com risco de sérias dificuldades financeiras.

Os dados mais recentes disponíveis da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram como, nos países que compõem o bloco, uma proporção muito maior de mulheres acima dos 65 anos enfrenta apuros financeiros – elas são 56% mais propensas do que os homens da mesma faixa etária a ter problemas. Por isso, a instituição desenvolveu um guia com os cinco fundamentos para nortear o preparo para a aposentadoria, com o objetivo de capacitá-las a zelar por sua segurança econômica.

O primeiro fundamento, que poderia ser rebatizado de mandamento, é poupar. Começar cedo é importante, porque o tempo é aliado dos juros compostos dos investimentos de longo prazo. Menos trabalhadoras mulheres (38%) dizem que estão economizando para a aposentadoria em comparação com os homens (41%). A principal barreira é simplesmente não estar ganhando o suficiente para economizar, mas a falta de entendimento torna difícil tomar boas decisões.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

É indispensável aumentar o nível de conhecimento das mulheres e essa deveria ser uma responsabilidade não somente do governo, mas também de escolas e organização privadas. Menos de um quarto delas responde corretamente a três questões básicas para medir a educação financeira e que reproduzo aqui (as respostas estão no fim da coluna).

Pergunta 1: Suponha que você tivesse R$ 100 numa poupança e a taxa de juros fosse de 2% ao ano. Após cinco anos, quanto você acha que teria na conta se deixasse o dinheiro render?

( ) Mais que R$ 102

( ) Exatamente R$ 102

( ) Menos que R$ 102

( ) Não sei

Pergunta 2: Imagine que a taxa de juros da sua poupança era de 1% ao ano e a inflação era de 2% ao ano. Depois de um ano, quanto você conseguiria comprar com o dinheiro dessa conta?

( ) Mais do que hoje

( ) Exatamente o mesmo que hoje

( ) Menos que hoje

( ) Não sei

Pergunta 3: Você acha que a afirmação seguinte é verdadeira ou falsa: “Comprar ações de uma única empresa geralmente dá um retorno mais seguro do que um fundo mútuo de ações”.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

( ) Não sei

O segundo fundamento é ter uma estratégia formal de aposentadoria: será possível contar com uma pensão do INSS? Você tem uma poupança? Ou outras fontes de renda? O que leva ao terceiro fundamento, que é ter um plano B, caso não consiga continuar trabalhando antes de atingir a idade mínima: por exemplo, uma habilidade que se torne atividade rentável. A pesquisa constatou que duas em cada cinco mulheres no mundo se aposentaram mais cedo do que o planejado, sendo que uma em cada cinco delas citou, como razão, responsabilidades familiares.

Quarto fundamento: ter um estilo de vida saudável, mantra deste blog. Nisso as mulheres se saem melhor que os homens, o que indica que, pelo menos potencialmente, serão menos suscetíveis a incorrer em custos pesados com a saúde. Por fim, o quinto fundamento é aprendizagem contínua, para permanecer empregável, principalmente devido ao ritmo acelerado de mudanças. Esse é outro desafio: como geralmente são elas que se ausentam do mercado por longos períodos para cuidar dos filhos e de outros familiares, é importante que programas de treinamento e desenvolvimento estejam disponíveis para as que retornam à força de trabalho.

Respostas: 1) Mais do que R$ 102; 2) Menos do que hoje; 3) Falso.

G1