MS.Comerciantes apoiam cancelamento de feriados

Pequenos e médios comerciantes reforçam o clamor de vários parlamentares, municipais, estaduais e federais, na frente para acabar com os feriados. Alguns são favoráveis até em extinguir os recessos semanais para sempre, mesmo depois de a pandemia acabar. As pausas afetam o movimento e tornam inviáveis, em muitos casos, os custos para abrir as portas das lojas.

“Meu sonho como empresária é ter apenas quatro feriados durante o ano todo: Natal, Ano-Novo, Páscoa e Dia do Trabalhador. Outros, como aniversário da cidade e datas religiosas, atrapalham muito”, disse Leni Fernandes, dona da Badulaque Acessórios, ao Correio do Estado.

Segundo ela, a medida ventilada em todas as esferas legislativas beneficiaria não somente os proprietários dos negócios, mas os trabalhadores que ganham por comissão. Isso porque quando a data comemorativa cai na quinta-feira, muitos emendam com o fim de semana e viajam, reduzindo as vendas. “A perda é muito grande, até os funcionários reclamam”, acrescenta Leni.

Edson Nunes, dono de algumas unidades da Hering na cidade, afirma que o debate do setor produtivo acerca da extinção dos feriados é antiga e que, diante da pandemia, esse tema ganhou ainda mais força.

“Seria mais uma oportunidade de recuperarmos o tempo perdido, de mantermos as portas abertas. Para nós é importante: quanto mais cedo nos recuperarmos, melhor será até para nossos colaboradores. E creio que até eles concordem com a medida, já que estamos falando da manutenção dos empregos deles. Se nós estivermos em pé, eles têm como sustentar suas famílias”, pontua.

Amadeu Zillioto, gestor da Zornimat, disse ao Correio do Estado que é favorável à extinção ou realocação dos feriados para os domingos, já que nos sábados muitos consumidores aproveitam para ir às compras pela falta de tempo nos dias úteis.

“A burocracia e o custo para abrir no feriado são tão altos que impedem que isso aconteça na prática, especialmente para as empresas pequenas. Acho uma alternativa interessante. Isso pode reverter, pelo menos em parte, os grandes prejuízos que o comércio sofreu por conta da pandemia”, afirmou o empresário.  

Ele acrescenta que a medida seria ainda mais benéfica para os setores que têm de operar mediante agendamentos. “Eles precisam de muito mais tempo para atenderem mais clientes”, ressalta.

Zillioto acredita que a mudança nas datas comemorativas será extremamente benéfica não apenas se for feita em Campo Grande, mas a nível nacional. “O Brasil precisa trabalhar, precisa produzir mais do que nunca. Sou a favor dessa medida sobre todos os aspectos”.

NAS RUAS

O Correio do Estado conversou com pequenos comerciantes no Centro da Capital para saber a opinião deles sobre o tema.

Gelásio Lane, 62 anos, é dono de uma ótica na Rua Barão do Rio Branco. Na opinião dele, o adiamento dos feriados de menor importância (exceto Natal, Ano-Novo e Páscoa) deveria ser eterno.

“Quando nós fechamos, paramos de faturar. São feriados que não nos levam a nada. Nas datas que nos permitem, funcionamos em apenas um dos períodos. Essa lei é totalmente viável. Tem de manter só aqueles que são, de fato, relevantes”, opinou.

A mesma opinião manifestou Rogério Borges, 50 anos, que vende salgados em um pequeno estabelecimento na Rua 14 de Julho. “Eu não sou a favor de adiar, tem de acabar mesmo. O Brasil não cresce, ele para. Ninguém produz, a Nação não evolui”, exclamou.

Já Margarida Siqueira, 68 anos, discorda. “Se o feriado é na quinta-feira, tem de continuar na quinta-feira para a gente emendar e descansar”, afirmou. E igualmente contra são aqueles mais afetados pela medida: os funcionários. “Sábado e domingo já é nossa folga, não adianta nada se o feriado for no fim de semana. Melhor que continue do jeito que está”, disse a vendedora Karol Fernanda, 18 anos.  

TRAMITAÇÃO

Cada esfera, em tese, tem poderes para alterar as datas de sua competência. Vereadores, por exemplo, só podem mexer nos recessos municipais, que são: Aniversário de Campo Grande e Dia de Santo Antõnio. Na Câmara, a ideia já foi ventilada em uma comissão criada para propor medidas que reduzam o impacto econômico da crise causada pela Covid-19.

Deputados estaduais têm competência para mexer no em que se comemora a Divisão de Mato Grosso do Sul, único feriado estadual.

João Henrique Catan (PL) disse ao Correio do Estado que tem um projeto pronto sobre o tema. O texto reformula o calendário jogando a data para o sábado. Segundo ele, a matéria só não foi apresentada ainda por entraves jurídicos. Além disso, a comemoração este ano já cai em um domingo.

Maior impacto teriam os projetos apresentados no Congresso Nacional. Foram seis nos últimos dois meses e já havia cinco engavetados nos últimos 17 anos. CORREIO DO ESTADO