Ministro da Saúde diz que médicos brasileiros formados no exterior devem ser contratados antes de cubanos

De acordo com o ministro, a razão é o aumento expressivo de médicos brasileiros que estudaram, especialmente, na fronteira com Paraguai e Bolívia. Segundo Mandetta, só em Pedro Juan existem 14 faculdades de medicina.

Por G1 MS — Campo Grande

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou na manhã desta segunda-feira (22) que médicos brasileiros formados no exterior devem preencher vagas de um novo programa de alocação de profissionais antes de médicos estrangeiros. Em entrevista ao quadro Papo das Seis do Bom Dia MS, o ministro falou sobre o futuro de médicos cubanos no país:

«A gente deve trabalhar com um novo programa de alocação de médicos por todo o Brasil […] com prova, classificação. Com o aumento expressivo de médicos brasileiros formados no exterior, principalmente no Paraguai e na Bolívia, aqui em Pedro Juan Caballero me disseram outro dia que já estão chegando a 14 faculdades de medicina, esse é um número muito expressivo. Os primeiros [alocados pelo programa] são os brasileiros formados aqui, depois os brasileiros formados no exterior, praticamente não sobram vagas para os estrangeiros», declarou.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que aumento expressivo de médicos brasileiros formados no exterior impactará em vagas disponíveis para médicos estrangeiros no Brasil — Foto: TV Morena/Reprodução

O ministro afirmou ainda que médicos cubanos que optaram por ficar no Brasil após o fim do programa Mais Médicos, devem ter seus diplomas revalidados.

«O vínculo do programa anterior era praticamente uma bolsa. A pessoa ia, ficava um ano ou dois, e aí ela já não sabia no terceiro ano se continuava ou não. […] Então, esses cubanos que desistiram de voltar para a ditadura cubana […] não podem ser negociados como commoditie. É algo em torno de 1.800 médicos que terão que revalidar seus diplomas, terão que ser capacitados. Nós estudamos uma maneira de que eles possam ser auxiliados para poderem revalidar seus diplomas e terem pleno gozo da profissão.»

Orçamento para a Saúde em 2020

O ministro falou que o contingenciamento da saúde não trouxe «grandes abalos» ao Ministério e como deve trabalhar o orçamento da pasta para o próximo ano:

«A Saúde trabalha com percentual mínimo estabelecido em lei, que é o percentual que tem que ser colocado, então, o orçamento é feito imaginando o ano anterior. Por exemplo, agora está sendo feito o orçamento de 2020, então imagina-se quanto o país vai crescer, quanto que vai ter de receita e aí quanto vamos ter de despesas. No ano passado foi feito um orçamento imaginando que o país cresceria a um determinado ritmo, o país não cresceu no ritmo que foi pensado, então tem que ajustar para ficar dentro da realidade.»

«É igual uma família que o pai, a mãe, imagina que vai ter aumento de salário, que vai arrumar um outro emprego, que vai melhorar, faz planos e se isso não ocorre, ele tem que se reposicionar ao seu orçamento. […] Se a economia melhorar e tiver margem, a gente vai um pouco mais, se não tiver, é em cima desse planejamento que a gente fez, então o contingenciamento para a Saúde não me trouxe grandes abalos.»

Hepatite

O ministro está na capital também para divulgar os novos dados sobre o boletim epidemiológico das hepatites virais. O último boletim é de 2017 e, segundo Mandetta, houve melhora:

«A hepatite é uma doença que tem vários subtipos: A, B, C, D. Na hepatite ‘prevenível’ por vacina, que é a A e B, nós tivemos uma melhora, mas não do tamanho que nós gostaríamos, porque a vacina está disponível nas unidades e ela é uma doença passível de ser prevenida. O que houve nos últimos 10 anos foi a adoção do tratamento para os pacientes com a hepatite C.»

«Esse tratamento passa primeiro por fazer o teste. Quando a pessoa tem o vírus faz-se o tratamento e o tratamento consegue zerar essa carga viral. Agora, ela é uma doença silenciosa. Muitos portadores do vírus da hepatite C não sabem que têm a doença e esse vírus agride de maneira muito intensa o fígado, muitas vezes a pessoa pode descobrir a doença quando está em estágio avançado.»

«Nós chamamos a atenção, primeiro, para que as pessoas se vacinem, e também nessa semana a gente aumenta a sugestão para que as pessoas façam o teste para a hepatite C.»

Ainda não há vacina para hepatite C, mas há tratamento, segundo o ministro. O vírus pode ser transmitido através de fluidos corporais, e o principal meio é a relação sexual. O teste é rápido e gratuito – e caso o teste aponte a doença, o tratamento pode ser feito pela rede pública.

Plano odontológico pelo SUS e repasses para o interior

Mandetta ainda respondeu perguntas do público sobre atendimento odontológico, falta de leitos e repasses para municípios.

Confira na íntegra a entrevista do ministro Mandetta:00:00/00:00

Ministro da saúde é o entrevistado desta segunda-feira (22) do Papo das 6, em MS

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