Jovem que matou ex no ato sexual é condenada a 13 anos e fica “furiosa”

Tribunal do Júri condenou a jovem Vania Basílio Rocha a 13 anos de prisão por ter assassinado o ex-namorado, durante o ato sexual, em Vilhena (RO). O julgamento da acusada iniciou às 9h desta quinta-feira (15) no Fórum da cidade e foi marcado por declarações inéditas e polêmicas. Para o promotor, Vania alegou que levou a faca na bolsa até a casa por medida de segurança e que no local encontrou a calcinha de outra mulher, o que a deixou enciumada. Ao ouvir a sentença, feita pela juíza Liliane Pergoraro, Vania fez cara de “furiosa” e não chorou. A defesa diz que vai recorrer da decisão.
Vania ouve sentença feita pela juiza Liliane Pergoraro (Foto: José Manoel/ Rede Amazônica)
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Vania, atualmente com 19 anos, chegou ao Fórum local com aspecto abatido e foi ouvida pelo MP-RO e pela própria defesa, pois a Justiça dispensou todas as testemunhas do caso. Ao ser questionada pela promotoria sobre o que teria ocorrido no dia do crime, a ré disse que os fatos ainda estão embaralhados em sua cabeça e chegou a chorar no início.
Ela também contou que foi até a casa de Marcos Porto para uma despedida. Ao chegar à residência, ela conversou com o irmão do ex-namorado e depois foi para o quarto da vítima. Lá, Vania afirma ter encontrado a calcinha de outra mulher. Naquele momento, Marcos deitou na cama, ela tirou a blusa e jogou no rosto do rapaz e em seguida pegou a faca. Segundo ela, a vítima chegou a dizer: “você está louca, guria”.

A ré relatou que deu o primeiro golpe de faca na clavícula do ex-namorado e depois na barriga, mas que não se lembra do resto da sequência dos fatos. Vania disse que desconfiava que o ex-namorado a traía e que já tinha surpreendido Marcos com outra mulher.
Sobre a faca que carregava na bolsa, a ré contou que andava com um objeto cortante por questões de segurança e que naquele dia não havia encontrado o canivete que andava consigo como de costume, e, por isso, pegou uma faca de cozinha e colocou na bolsa.

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Revelações
Ainda em depoimento à juíza, Vania contou que na adolescência furtou e usou maconha e que chegou a fugir da casa da mãe diversas vezes. Segundo ela, durante o namoro com Marcos tiveram uma briga e a vítima acabou quebrando o celular dela, pois ela estar repassando fotos de cunho sexual para amigas.
Quando viu Marcos quebrando o celular, Vania começou a quebrar todo o cômodo da casa de raiva. Em audiência, a ré confirmou que a relação dos dois era violenta, porém eles continuaram transando mesmo depois de se separarem.
Ainda segundo Vania, ela não se arrepende do crime em si, porém não imaginou que o caso dela ganharia tanta repercussão na imprensa. Para ela, a cobertura feita prejudicou os planos dela.
Os laudos apontaram que Vania tem um perfil violento, mas que isto não é corriqueiro de todas as pessoas com diagnóstico de sociopatia. Os psicólogos também chegaram a conclusão de que Vania não consegue obedecer ordens, tem capacidade de demonstrar culpa e aprender com as experiências. Laudos também comprovam que ela é manipuladora e tenta criar história para passar a outras pessoas uma responsabilidade do fato.
Procurado, o defensor público George Barreto diz que vai recorrer da decisão de Vania. Após a sentença, Vania foi levada de volta ao presídio feminino de Vilhena, onde está presa desde dezembro de 2015.
Vania tem 18 anos e trabalhava como vendedora, em Vilhena (Foto: Arquivo Pessoal)
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Vania foi presa aos 18 anos e trabalhava como vendedora, em Vilhena (Foto: Arquivo Pessoal)
Entenda o caso
Hora depois de ser presa, em dezembro de 2015, Vania deu uma entrevista ao G1 e confessou o crime. Segundo Vania, no dia 30 de dezembro ela ligou para Marcos alegando que queria se despedir, pois iria embora para outro estado. Ela então colocou uma faca de cozinha dentro da bolsa e foi para a casa da vítima, que havia aceitado receber a visita. O casal foi para o quarto e, durante as preliminares sexuais, esfaqueou o ex-namorado.
“Eu tapei o olho dele. Aí peguei a faca e meti nele. Ele reagiu e veio para cima de mim e eu fui para cima dele também. Eu enforquei ele e aí comecei a meter [facadas] em outras partes do corpo dele. Daí, ele gritou socorro e a porta estava trancada. O irmão dele quebrou a janela. Quando o irmão dele entrou, ele já estava quase morrendo.
Uma das publicações de Vania mais comentadas no Facebook é o texto de um blog que tinha como título: “eu não fui uma má namorada, você que me tornou”. Após ser presa e confessar que matou o ex-namorado, usuários criticaram a postagem. “Imagina se fosse boa”, escreveu um jovem. “Louca, psicopata, parece que estava possuída pelo demônio”, acrescentou outro usuário. A postagem foi feita dois dias antes do crime.
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Marcos foi esfaqueado sete vezes pela ex, segundo funerária (Foto: Arquivo Pessoal)
Marcos foi esfaqueado 11 vezes pela ex, segundo
IML (Foto: Arquivo Pessoal)
Laudo da vítima
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Marcos levou 11 facadas, sendo no pescoço, abdômen, braços, mão e pernas. Segundo um croqui divulgado pela Polícia Civil, a perfuração de faca no pescoço foi que motivou a morte do rapaz.
Psicopatia
Em maio deste ano, Vania foi diagnosticada com sociopatia, com base nos laudos médicos. Mesmo com o resultado, o TJ-RO diz que Vania não pode ser isenta de responder por seus atos judicialmente, pois “apresentou plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato”. Vania também deverá fazer acompanhamento psiquiátrico por recomendação médica.
Audiência de instrução
Vania foi levada para a audiência de instrução no Fórum local, em julho. De acordo com o defensor público de Vania, George Barreto Filho, a audiência foi o momento processual em que parte e testemunhas são ouvidas para declarar o que sabem sobre os fatos que estão sendo apurados.
Após Vania chegar no Fórum, familiares e amigos de Marcos Catanio Porto, jovem que foi morto por Vania, fizeram um manifesto na frente do Fórum Criminal de Vilhena. “Nós queremos que ela vá a júri popular”, enfatiza o irmão da vítima, Alberto Catanio Porto.
O grupo estava vestindo camisetas com a foto de Tim, como era conhecido. Nas costas dos familiares e amigos, a roupa apresentava a frase: “Quem ama não mata! Queremos justiça!”.
Fonte: G 1

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