JBS usou Aquário para pagar propina; PF assume investigação de mega obra

Policiais federais descobriram que a JBS usou a conta da Proteco, do empresário João Alberto Krampe Amorin, aberta para receber recursos da obra do Aquário do Pantanal, para o pagamento de propina para políticos de Mato Grosso do Sul.

Esta observação consta do despacho do juiz substituto da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Fábio Luparelli, para negar pedido dos investigados para enviar o processo para a Justiça Estadual.

O pedido foi feito pelo empresário Rodolfo Holsback, dono das empresas H2L e HBR Medical, investigado na Operação Máquinas de Lama, denominação da 4ª fase da Lama Asfáltica. Ele apontou que o caso não é de competência federal porque não conta com recursos federais.

Contudo, outra novidade no inquérito, toda a investigação sobre fraude, direcionamento e desvio de recursos públicos na construção do Aquário do Pantanal vai ser feita pela Polícia Federal.

O Ministério Público Estadual declinou competência para apurar as irregularidades detectadas no Aquário, que deveria custar R$ 84 milhões, mas já consumiu R$ 230 milhões e não foi concluído.

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) estima que vai precisar gastar mais de R$ 50 milhões para concluir a obra, considerada uma das mais caras e problemáticas na história de Mato Grosso do Sul.

Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça revelam que João Amorim, com o apoio do então secretário de Governo, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Osmar Jeronymo, forçaram a Egelte Engenharia, vencedora da licitação, a desistir e repassar a obra para a Proteco.

Esta conta criada pela Proteco na Caixa Econômica Federal que teria sido usada para receber recursos ilícitos pagos pela JBS, a maior multinacional de carne do mundo e no epicentro da atual crise política.

Para o magistrado, as investigações apontam que houve pagamento de propina por meio da conta da Proteco.

“A conta denominada CEF/Aquário, de titularidade da PROTECO, que, em tese, recebeu recursos oriundos de estelionato contra o BNDES conforme evidenciado nas fases anteriores da investigação, e que tinha como finalidade principal efetuar o pagamento das despesas relacionadas à obra do AQUÁRIO DO PANTANAL, também foi destinatária dos supostos pagamentos de propina pela JBS”, cita.
Bitencourt
(*) Jornalista e blogueiro