Dos 11 pacientes sob investigação no Estado, oito aguardam o resultado dos testes há mais de uma semana
05/03/2020 09:00 – Daiany Albuquerque, Fábio Oruê
Exame é feito com uso de cotonetes, utilizados para coletar secreções das duas narinas e da garganta – Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado
O Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo (SP), laboratório de referência para os testes do novo coronavírus para Mato Grosso do Sul, admitiu o atraso na divulgação do resultado para os exames feitos nos pacientes do Estado tratados como suspeitos de terem contraído o vírus. Hoje faz 10 dias desde que o primeiro paciente que apresentou os sintomas do novo coronavírus passou a ser monitorado pelas autoridades de saúde de Mato Grosso do Sul.
Representantes do Instituto Adolfo Lutz informaram o Correio do Estado de que não há uma previsão para entrega dos testes coletados no Estado. Ontem, o número foi atualizado para 11 casos suspeitos, depois de os três casos investigados em Dourados testaram positivo para a gripe A.
Das 11 pessoas sob investigação em Mato Grosso do Sul, oito aguardam o resultado do exame no Instituto Adolfo Lutz há mais de uma semana. Na Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul há quem admita que muitos desses testes pendentes acabem sendo feitos pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).
TREINAMENTO
Responsáveis pela coleta de secreções de pacientes de 25 cidades de Mato Grosso do Sul participaram ontem de um treinamento no Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen-MS), em Campo Grande, para aprenderem a coletar amostras de pacientes com suspeita de influenza e, principalmente, do novo coronavírus.
As amostras são coletadas por três swabs (uma espécie de cotonete) que devem ser introduzidos, cada um, nas duas narinas e na garganta do paciente. Esse foi o primeiro treinamento do tipo em Mato Grosso do Sul depois que a epidemia do Covid-19, nome do novo coronavírus, começou.
Todos os municípios foram convocados, entretanto, apenas 25 enviaram representantes – Maracaju, Caracol, Novo Horizonte do Sul, Deodápolis, Coronel Sapucaia, Figueirão, Rochedo, Bandeirantes, Ivinhema, Anaurilândia, Fátima do Sul, Juti, Caarapó, Ponta Porã, Brasilândia, Jaraguari, Ribas do Rio Pardo, Amambai, Bonito, Alcinópolis, Anastácio, Vicentina, Sete Quedas, Angélica e Aquidauana.
Segundo a gerente de biologia médica do Lacen, Marina Zardin, que é uma das responsáveis pela análise das amostras coletadas, é muito importante que todos os processos de coleta sejam respeitados para que o resultado dos exames sejam conclusivos.
“A partir do momento em que chegou no laboratório, em 48 horas a gente consegue fazer a testagem para todas as doenças possíveis – isso se estiver tudo o.k. com as amostras e com a documentação”, explicou a gerente.
De acordo com Zardin, o Ministério da Saúde está se programando para, nos próximos dias, enviar os reagentes e uma equipe para o Estado para fazer o treinamento no Lacen sobre como proceder no exame. Com isso, o diagnóstico de coronavírus nas cidades sul-mato-grossenses ficará mais rápido.
Zardin ainda salientou que quanto mais rápida é feita a coleta das amostras dos pacientes após o início dos sintomas, melhor para a detecção da doença. “Quanto mais tempo demorar a coleta, menor será a carga viral que será identificada neste paciente. São detectados apenas os anticorpos, então, quanto mais cedo for feita essa coleta, melhor. E isso não só para o coronavírus”.
(Colaborou Eduardo Miranda)