Instalação de CPI contra o crime organizado no Brasil

EM BRASÍLIA
Sabino Castelo Branco consegue instalação de CPI contra o crime organizado no Brasil
Ideia do parlamentar do Amazonas é levar para depor os líderes das principais facções criminosas do País: Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e Família do Norte (FDN)

Brasília (DF)
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), autorizou nesta quinta-feira (06) a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar a atuação do crime organizado no Brasil, a origem de recursos, armamentos, custos sociais e econômicos da violência relacionada.

De autoria do deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB/AM), a comissão será composta por 34 membros titulares, 34 suplentes, mais um titular e um suplente, atendendo ao rodízio entre as bancadas não contempladas. Com a leitura, em plenário, da criação da CPI, agora começa a indicação dos membros pelos líderes de cada partido.

Sabino Castelo Branco, que trabalha para ser o presidente ou relator da Comissão Parlamentar, disse que vai trabalhar para que o colegiado esteja formado antes do recesso do Legislativo, que começa no dia 18 de julho, com o retorno previsto para o dia 1° de agosto.

“A minha intenção é que os trabalhos da CPI comecem logo na volta do recesso. Vamos levar para depor os principais líderes do crime organizado que estão nos presídios brasileiros, como o chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcola; do Comando Vermelho, Fernandinho Beira Mar; da FDN (Família do Norte) do Amazonas, Zé Roberto e João Branco. Além de traficantes que se dizem empresários, mas usam as empresas para lavar dinheiro”, declarou o parlamentar amazonense.

De acordo com o autor do requerimento, o intuito da CPI é investigar e buscar soluções eficazes para combater as facções criminosas e o crime organizado no Brasil, pois, para Sabino, a segurança pública no Brasil está totalmente comprometida, a violência só aumenta e pelo conhecimento e dados disponíveis, essas facções criminosas dominam e controlam o tráfico de drogas e de armas no Brasil, além de sequestros, homicídios, lavagem de dinheiro e outros crimes, com atuação inclusive no âmbito internacional.

“Nem mesmo os especialistas mais pessimistas conseguiram prever tamanha expansão do crime organizado no Brasil. Só o PCC arrecada cerca de R$ 300 milhões de reais por ano, com o crime, e tem cerca de 50 mil membros; o Comando Vermelho, R$ 60 milhões, com mais de 30 mil membros, e a FDN em torno de R$ 30 milhões e tem cerca de 20 mil membros cadastrados”, informa o deputado.

Para mostrar a situação dramática por que passa a segurança pública, Sabino Castelo Branco cita o Mapa da Violência de 2016 o qual mostra que o Brasil atingiu a marca recorde de homicídios da história, sendo 59.627 mil homicídios em 2014. “Para termos a dimensão da gravidade desses números, de acordo com dados da ONU para 2015, 150 países e territórios somaram juntos 55.574 mil homicídios e o Brasil sozinho conseguiu alcançar um número maior do que esse”, enfatizou.

Controle das fronteiras

De acordo o requerimento de criação da CPI para apurar o crime organizado, após consolidar seu comando no sistema prisional e em comunidades da periferia por todo o país, ao longo de décadas, os grupos criminosos passaram a expandir sua influência para além das fronteiras do país, atuando no tráfico internacional e se estruturando aos moldes de grupos de caráter paramilitar. Por isso, a CPI dos Presídios, além de convocar os principais traficantes presos, vai convidar os comandantes das Forças Armadas para informar e mostrar as estratégias de defesa para o controle das fronteiras brasileiras que impeça o tráfico de entorpecentes no país.

Chacinas em presídios motivaram criação da CPI

Um dos motivos que levaram o deputado Sabino Castelo Branco a propor a CPI destinada a apurar a atuação do crime organizado no Brasil, a origem de recursos, armamentos, custos sociais e econômicos da violência relacionada, foram as chacinas que vitimaram 60 pessoas dentro do presídio de Manaus (AM), 26 detentos em Alcaçuz (RN) e 33 em Boa Vista (RR) em janeiro de 2017. As execuções foram lideradas por facções criminosas que ainda ameaçam levar uma guerra para as ruas do País.

Na justificativa, cita recente entrevista do juiz federal Odilon de Oliveira (um dos magistrados mais ameaçados do país por ter levado à prisão grandes e perigosos traficantes), do Mato Grosso, onde afirma que o Brasil tem que enfrentar e matar os membros das facções criminosas e que o combate ao crime organizado tem que ser com estratégia de guerra, que não há outra alternativa para o país que não seja a utilização dessas técnicas contra essas facções, pois só assim atingiria o coração destas organizações que estão na sustentação econômica baseada no narcotráfico e no roubo.

Sabino lembra que trabalhou intensamente para conseguir convencer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, da extrema necessidade da viabilização da CPI e revelou que recebeu diversas ameaças das facções criminosas, por isso, anda escoltado há meses.