iFood quer chamar grande debate sobre comunicação nas redes sociais

A ideia é criar um grupo de trabalho envolvendo a sociedade civil para discutir o assunto, segundo Diego Barreto, vice-presidente de estratégia e finanças do aplicativo.


O empresa já realiza um fórum nacional de entregadores para tratar das demandas da categoria e de temas ligados ao mercado de trabalho. A primeira edição aconteceu em dezembro de 2021.


O novo movimento do iFood acontece na esteira do caso divulgado pela Agência Pública no início de abril. Segundo a reportagem, o aplicativo teria contratado duas empresas, a Benjamim Comunicação e a Social Qi, para montar estratégias de ação nas redes sociais, com a criação de perfis falsos que criticavam movimentos de entregadores -como o Breque dos Apps, lançado em julho de 2020 para reivindicar melhores condições de trabalho.


Após as denúncias, o iFood encerrou o contrato com a Benjamim Comunicação e contratou um escritório de advocacia para apurar o caso.


“Ele está atuando de forma independente, tendo acesso a todas as informações conforme a demanda e vai nos ajudar nessa apuração. Ou seja, eu espero daqui a três ou quatro semanas ter um posicionamento dizendo: encontramos este tipo de problema ou não”, diz Barreto.


Segundo o executivo, quebrar o contrato foi uma decisão dura para a empresa, porque ainda não há uma versão final do que pode ter acontecido.


Barreto diz que o iFood teve dificuldade de monitorar os serviços contratados devido ao crescimento da empresa. “Alguém acha que a gente fez uma ilegalidade? Esse conforto eu tenho: nós não fizemos uma ilegalidade.”


O iFood também está revisando seu código de conduta e ética para identificar possíveis brechas, mapeando especialistas para definir como monitorar as redes sociais e treinando equipes internas sobre conceitos relacionados à desinformação, segundo Barreto.


“Trouxemos uma instituição especializada no assunto, que vai trabalhar com os parceiros para termos certeza de que todo mundo está falando a mesma língua”, diz. Barreto avalia que essa não é uma discussão apenas do iFood, mas da sociedade.


Na semana passada, representantes das empresas que teriam sido contratadas pelo iFood foram convocados a prestar informações na CPI dos Aplicativos, da Câmara Municipal de São Paulo. O Conar, órgão de autorregulamentação publicitária, também abriu investigação sobre a campanha atribuída ao aplicativo.