General avalia vice-presidente do Brasil: ‘É mais perigoso do que divertido zombar do Mourão’

General avalia vice-presidente do Brasil: ‘É mais perigoso do que divertido zombar do Mourão’

Sérgio Etchegoyen, Ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Temer, debateu o militarismo no Conversa com Bial desta segunda-feira, 22/4. Em bate-papo com Pedro Bial, o general avaliou a presença de representantes das Forças Armadas no governo de Jair Bolsonaro e comentou que o Presidente da República possui hoje uma presença mais política que militar.

“Militar é o Mourão”, comentou sobre o vice-presidente do país, o general Hamilton Mourão. “Conheço bem o Mourão. É mais perigoso do que divertido zombar do Mourão. O Mourão junta dois atributos importantes: é estudioso e inteligente. O Mourão conhece as coisas que ele fala.”

Convidado pelo MDB para concorrer à Presidência em 2018, Etchegoyen explicou o porquê da recusa.

“Não é o meu talento. Eu tinha uma visão discordante dessas candidaturas. Não achava que o Brasil dependesse de um salvador da pátria. O Brasil precisa de um político, de um bom político.”

Governo Bolsonaro

Segundo o general, Jair Bolsonaro cresceu entre os eleitores devido à oposição aos políticos tradicionais.

“Voltamos a um ponto, 40 anos depois, em que boa parte da sociedade queria um militar e que foi rechaçado o político profissional. É preciso entender esse fenômeno para entender o Bolsonaro e a participação dos militares no governo Bolsonaro.”
Etchegoyen, aliás, contou que votou no candidato nos dois turnos nas eleições de 2018.

“O Brasil poderia ter candidatos melhores, claro. Mas quem conseguiu chegar com a proposta de afastar o PT do governo foi o Bolsonaro. E essa proposta, eu concordava.”

Ele ainda analisou os nomes de militares que foram escolhidos para integrar o atual governo brasileiro.

“Qualidades políticas, eu me atrevo a dizer que seriam encontradas mais em outros atores, políticos. Acho que hoje a escolha dos ministros que estão lá está muito em cima da capacitação profissional que eles adquiriram.”

Prisão

No programa, o general lembrou a prisão em 1983, por desacato, por defender a honra do pai, o general Léo Etchegoyen. O militar garantiu que não se arrepende “nenhum milímetro”.

“São coisas que a gente faz na vida. Ou faz ou não dorme direito. É bem simples.” 

Comissão da Verdade

Etchegoyen debateu a respeito da Comissão da Verdade e reprovou o relatório que apontou mais de 300 pessoas como responsáveis, direta ou indiretamente, pela prática de tortura e assassinatos durante o regime militar.

“Uma comissão parcial, patética e não produziu nada para o país que não fosse mais rancor e ressentimento.”

“O meu pai foi incluído porque ele estava na cadeia de comando em tal dia, em tal lugar. Não conheço nenhum general, de nenhum exército, que não esteja na cadeia de comando em algum lugar. O meu pai já tinha morrido, ele não foi ouvido.”

A jornalista Maria Cristina Fernandes, do jornal “Valor Econômico”, entrou na conversa e avaliou que a Comissão da Verdade abalou a relação das Forças Armadas com o governo de Dilma Roussef.

“As relações entre o ex-presidente Lula e as Forças Armadas foram beneficiadas por uma certa folga orçamentária que o governo teve. O governo Lula pode investir e dar seguimento em alguns projetos que as forças armadas tinham. E, no governo Dilma, ela pôs em curso a Comissão da Verdade, que desagradou a toda a comunidade militar, é o principal fator de desavença entre as forças armadas e a presidente.”

“A comissão da verdade facilitou que a resistência fosse diminuída. A revolta que ela causou entre os militares fez com que Bolsonaro passasse a ser mais aceito.”