Dólar sobe 1% e fecha em R$ 3,73 com cenário exterior ruim

A quatro dias da eleição, o cenário externo seguiu ditando o ritmo das oscilações no mercado doméstico de câmbio e o dólar à vista fechou no maior patamar dos últimos oito pregões, a R$ 3,7382, em alta de 1%, nesta quarta-feira, 24. O noticiário político continuou no radar das mesas de operação e causou pela manhã certo mal estar entre os agentes o aumento da rejeição de Jair Bolsonaro (PSL) na última pesquisa do Ibope, mas com as bolsas em Nova York em forte queda e a moeda americana em alta perante a maior parte das divisas dos países emergentes, o dia foi de pressão no real, que terminou a quarta-feira perto das máximas.

A sessão desta quarta foi a segunda consecutiva em que o mercado externo mais avesso ao risco acabou ofuscando o otimismo do mercado com a possível vitória de Bolsonaro. Com o aumento da aversão ao risco, investidores estrangeiros buscaram proteção no dólar e agentes domésticos, como tesourarias e exportadores, buscaram recompor posições compradas, destacam especialistas em câmbio. Uma executiva com mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro disse que os agentes vinham nas últimas semanas reduzindo suas posições compradas, mas não chegaram a zerar, à espera da eleição, e nesta sexta recompuseram parte delas, por conta do clima de maior cautela lá fora.

O fato novo desta quarta-feira no mercado internacional foi a tensão gerada pelo envio de pacotes suspeitos a lideranças democratas, como Barack Obama e Hillary Clinton, a duas semanas das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos. Além disso, persistem preocupações com a situação orçamentária da Itália, que corre o risco de ser rebaixada por mais agências de classificação de risco, e indicadores recentes da zona do euro também ajudam, e preocupações com o crescimento da economia mundial, à medida que grandes empresas americanas divulgam resultados trimestrais, alguns abaixo do esperado, ressalta em relatório o estrategista de câmbio do Saxo Bank, Michael O’Neill.

“O cenário externo não está nada animador”, destaca o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello, que lembra ainda das recentes críticas de Donald Trump à estratégia de elevação dos juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Ele prevê que se nada de mais grave acontecer no cenário externo e o cenário eleitoral seguir como o mercado espera, com vitória de Bolsonaro, boa equipe econômica e detalhamento de agenda de reformas nas próximas semanas, o dólar pode terminar o ano na casa dos R$ 3,70 a R$ 3,80.

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