Dólar fechou em queda, mas cautela no exterior permanece

O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (16), após subir pela manhã e atingir o patamar de R$ 4,18. A sessão foi marcada por cautela nos mercados globais, em meio a incertezas em torno das negociações comerciais entre Estados Unidos e China e também de olho nas negociações sobre o Brexit. A moeda norte-americana caiu 0,25%, a R$ 4,1535. No mês, o dólar acumula leve queda de 0,04%, mas no ano há alta de 7,21%.

“O dólar teve um alívio hoje, mas com viés de alta”, disse à Reuters Roberto Campos, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos. Segundo ele, o real tem demonstrado desempenho pior que o de outras moedas nas últimas semanas conforme o mercado vê frustrada a esperança de diminuição de saídas de recursos do mercado local. 

Dados do fluxo cambial divulgados pelo Banco Central nesta quarta confirmaram que o país voltou a registrar saída líquida de moeda estrangeira na semana passada. O déficit foi de US$ 3,186 bilhões entre 7 e 11 de outubro, na nona semana consecutiva de fluxo negativo. Nesse período, o país perdeu, em termos líquidos, US$ 17,788 bilhões.

O mercado deposita alguma expectativa de melhora no fluxo com os leilões de áreas de petróleo e gás a ocorrerem em breve. As áreas em oferta no leilão de 6 de novembro juntas somam um bônus de assinatura total fixo de cerca de R$ 106,5 bilhões.

Cenário externo

O mercado segue de olho nas negociações entre China e Estados Unidos em torno da guerra comercial. Nesta quarta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não deve assinar qualquer acordo comercial com a China até se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, no Fórum da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) no Chile.

A notícia vem poucos dias depois do anúncio sobre o que seria uma primeira fase de acordo comercial entre os EUA e a China na semana passada inicialmente animaram os mercados. Mas a falta de detalhes sobre o acordo desde então reduziu qualquer entusiasmo, destaca a Reuters.

Adicionando mais incerteza, os EUA aprovaram na terça-feira uma legislação que apoia os protestos pró-democracia em Hong Kong, fato que foi alvo de críticas do governo chinês, piorando ainda mais os frágeis laços entre os dois países.

Outro tema que permanece sob as atenções do mercado é o Brexit. Na terça-feira, os negociadores da União Europeia e do Reino Unido fracassaram na tentativa de chegar a um acordo.

“As incertezas continuam, tanto sobre EUA e China quanto sobre o Brexit, o que traz bastante cautela para o mercado”, afirmou à Reuters Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.

A contração das vendas no varejo dos EUA, divulgada mais cedo, também tirou força do dólar, destaca o Valor Online. O indicador caiu 0,3% em setembro ante agosto, contrariando previsão de alta de 0,2%, e se soma a outros números que mostram que a economia americana pode estar desacelerando. Isso deve pressionar o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) a fazer novos cortes nas taxas de juros.

“As perspectivas de crescimento, inflação e sentimento do consumidor medido pela Universidade de Michigan pressionam o Fed a fazer mais para atingir as metas de inflação. Esperamos que o BC americano corte juros novamente em outubro e novembro”, diz o ING em nota a clientes.

Cenário local

Na cena doméstica, os agentes do mercado se mantinham atentos ao julgamento que pode rever a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o início de cumprimento da pena após a condenação em segunda instância na quinta-feira (17). “Se eventualmente houver uma alteração, certamente teremos criminosos já condenados em liberdade e isso traz um incômodo sem precedentes para o investidor”, afirmou Silva à Reuters.

Para ele, caso o STF decida pela procedência dos pleitos dos habeas corpus em julgamento, os mercados poderão ver um grande fluxo de saída de capital estrangeiro do país, seguido de uma alta da moeda norte-americana. Nesta sessão, o Banco Central vendeu todos os US$ 525 milhões em moeda spot ofertados, e 10.500 contratos de swap cambial reverso (oferta de 10.500 contratos).

Fonte: Fiems