Dólar começa a semana em alta e fecha a R$ 5,76

O dólar fechou em alta nesta segunda-feira (29), conforme investidores avaliaram que as mudanças ministeriais no governo podem funcionar como um aceno ao centrão e aos comandos do Congresso, após o recente aumento de temperatura entre os dois Poderes e consequente preocupação com governabilidade.

A moeda norte-americana subiu 0,44%, cotada a R$ 5,7668. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,8071.

Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 1,26%, a R$ 5,7416. Na parcial do mês, tem alta de 2,89%. No ano, o salto é de 11,17%.

Neste pregão, o Banco Central realizou leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em dezembro de 2021 e abril de 2022, destaca a Reuters.

Cenário

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, pediu demissão nesta segunda-feira, informou a pasta em nota oficial. No início da tarde, a TV Globo apurou que ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão do cargo.

Os comentários no mercado é que mais mudanças ministeriais estariam a caminho, destacou a Reuters.

“O mercado piorou e voltou… Mas se for para abrir espaço para o centrão, está bom”, disse um gestor, referindo-se a rumores de que o general Walter Braga Netto poderia ir para a pasta da Defesa, abrindo espaço na Casa Civil para Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, enquanto esse cargo, que faz a articulação política, poderia ir para as mãos de um parlamentar do centrão.

A expectativa no mercado é que as mudanças melhorem a ponte com o Congresso. Ruídos recentes entre Executivo e alguns parlamentares trouxeram à tona novamente citações de impeachment, num momento em que a liderança da Câmara dos Deputados estaria irritada com a má repercussão em torno do texto do Orçamento enviado pelo governo e aprovado posteriormente pela Casa.

O desconforto nessa frente tem afetado os mercados desde a semana passada e seguiu no radar neste começo de semana.

“Resta saber qual será a reação de Bolsonaro (veto ou sanção da lei orçamentária) e até que ponto tais movimentos podem ocasionar fricções institucionais entre o governo e os parlamentares do Legislativo”, disse Alejandro Ortiz Cruceno, analista da Guide.

Para o BNP Paribas, o dólar deve seguir pressionado no curto prazo.

“O fundamento do real é para apreciação, mas estamos pouco otimistas de que isso deve acontecer no curto prazo”, afirmou Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do BNP Paribas, vendo o câmbio “esticado” (dólar excessivamente valorizado). “As notícias de pressão e flexibilização fiscal vão continuar aparecendo. Por isso não vemos a convergência do câmbio”, disse.

Fonte: Fiems