Dólar cai após três altas, de olho em cena política

O dólar tinha leve queda em relação ao real nesta terça-feira, acompanhando o respiro nos mercados globais após diversas sessões de aversão a risco e com investidores digerindo as implicações da nova rodada de buscas relacionadas à Operação Lava Jato, que envolvem o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O mercado continuava apresentando baixo volume de negócios, com investidores evitando fazer grandes operações na véspera da esperada elevação dos juros nos Estados Unidos.
Outro motivo de cautela era a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que deve decidir sobre a tramitação do pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, marcada para quarta-feira.
Às 10:17, o dólar recuava 0,11 por cento, a 3,8820 reais na venda, após subir nas três últimas sessões e acumular avanço de 4 por cento.
“Não estão claras as consequências dessa ação (da Polícia Federal), é um debate que está percorrendo o mercado. Quando a política é o ‘driver’, a situação fica menos previsível e o resultado é volatilidade”, resumiu o operador de uma gestora de recursos internacional, sob condição de anonimato.
A PF realiza nesta manhã ação para cumprir mandados de busca e apreensão em residências de Cunha, de dois ministros e de outros políticos.
Cunha tem encabeçado a campanha pelo impeachment de Dilma, algo visto como positivo no mercado de maneira geral. Por outro lado, ele também tem dificultado a aprovação de medidas de austeridade fiscal na Câmara, piorando a perspectiva econômica para o Brasil.
A busca veio pouco antes da sessão do Conselho de Ética da Câmara sobre o andamento do processo que pede a cassação de Cunha.
Além disso, vem na véspera da votação do STF que definirá a validade da eleição de membros da comissão especial da Câmara que analisará a abertura do processo de impeachment.
O clima mais tranquilo no mercado externo também corroborava para acomodação do dólar aqui, com a alta dos preços do petróleo após fortes quedas recentes nutrindo o apetite por risco.
O centro das atenções, porém, é a reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, que deve anunciar na quarta-feira o primeiro aumento de juros em quase uma década.
“O mercado dá como fato que o Fed vai subir juros amanhã. Mas é um evento importante e é normal que o mercado trabalhe com um pouco mais de cautela enquanto isso não se confirma”, disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
O Banco Central fará nesta tarde leilão de venda de até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra.
Além disso, a autoridade monetária dará continuidade, pela manhã, à rolagem dos swaps cambiais que vencem em janeiro, com oferta de até 11.260 contratos, que equivalem a venda futura de dólares.
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